domingo, 27 de fevereiro de 2011
Fim ou Começo?
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Deus e a Morte na Terra dos Injustiçados.
Descobri que tenho inclinação ao Deísmo (admito que não dei-me conta disso apenas hoje, mas assim ficará a contribuir pelo poetismo do texto). Para quem ignora, o Deísmo é uma posição filosófica que admite a existência de um Deus, mas que questiona a ideia de revelação divina. Os deístas consideram a razão como um meio de assegurar a existência de Deus, não exercendo nenhuma prática religiosa. Para os deístas, Deus se revela através da ciência e as leis da natureza.
E é daí que agarramos a ponta do tema Morte e Injustiça.
Eis que tudo se iniciou com um debate, espontâneo mas um tanto revoltado, entre minha pessoa e minha amiga Cigana Oblíqua e Dissimulada. Ela afirmava que a brisa mais forte passara hoje e levara consigo a pessoa errada. Com eu mesmo disse em meu texto anterior, era cedo demais. Daí a Morte.
Concluímos, assim, que ocorrera uma injustiça tamanha no dia de hoje! Caberia acionar serviços advocacionais se fosse de ordem terrena. Mas não era. Era espiritual. Entãonos revoltamos! E com aqueles que talvez diriam perante o mausoléu " era sua hora. Deus assim o quis". Ao diabo com as horas! De que servem elas? De que servem elas se são tão imprecisas? Se marcam horários a pessoas erradas, a pessoas que tinham atrás e a frente de si uma construção enorme de sonho e de vida? Mas é, Cartola, estava certo meu caro, o "mundo é um moinho e vai triturar seus sonhos tão mesquinhos."
E - não digo " ao diabo" pois seria atrevimento demais - que tem Deus com as injustiças? Quem ousa ligar Deus as injustiças do Mundo? Ele nada tem com isso. Nós é que temos. Somos sempre nós que temos. Somos nós que criamos tantas formas diferenciadas de se morrer, de se corromper, de destruir a si proprio e aos outros. Deus nada disso criou, e Ele avisou que não criaria, que nada tinha com isso. E tantas vezes! Então calem-se quem diz isso. Você nada sabe.
E antes que alguém grite " como é piegas, Astronauta de Mármore", digo que talvez o seja. Sou de mármore mas tenho sentimentos e ideias diversas. Ainda que idealistas.
Uma música que eu ouvi enquanto escrevia estas linhas é a Ode a Alegria, ou 9ª Sinfonia de Beethoven. Amo e idolatro essa melodia, mas acho que de alegria ela não tem nada. Para mim, ela fala ( e fala ao coração, que fique claro) de honra e superação dentro de si mesmo. Eu diria que Beethoven foi injustiçado ao perder a audição... mas aí eu pensaria: ele se superou ( e olha que superar a Beethoven não é nada possível) e se não fosse sua perda de audição a Ode a Alegria não seria bela como é. Aí sim eu diria : Deus tem com isso. Deus está nessa manifestação da natureza ( de ordem biológica).
DEDICATÓRIA: a C. e seus sonhos de juventude, e a tia H. por sua sabedoria da velhice.
Para quem quiser escutar a Ode a Alegria , clique aqui.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Um fechamento em nome de Dança Com Lobos.
"A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace."
Já para meu amigo Iral, seria bom, para quem interessa, dar uma olhada na teoria de Nietzche sobre o "amor fati". Talvez seja isso.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Vietnã, 05 de maio de 1968
Estimada,
Sou eu que lhe pergunto: seria isso a Guerra? A guerra que todos falam, e repugnam e muitas vezes apoiam? Eu digo a Guerra com armas, soldados camuflados - como eu - pessoas mortas nas esquinas, mulheres se prostituindo em meio ao terror, choros...Apesar de imagem cruel e perturbadora, a imagem que eu não desejo que meu pior inimigo veja, eu não acho que isso seja a guerra.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Amor
Acho que todos devemos concordar, somos humanos, erramos, somos completamente falhos, somos mesquinhos e ignorantes em praticamente tudo.
E no meio de tudo isso, brota uma flor.. e macia ou espinhenta, cheirosa ou fedorenta, bonita ou feia.. continua a ser uma rosa que nasce no meio do asfalto de nossas almas.
Não podemos fugir do Amor (ou amor), resta então.. apenas nos entregarmos de corpo e alma, pois carnal ou não.. ilusão ou realidade.. é o melhor que temos.. é o melhor que podemos ser.
Portanto.. AMEM!
Amém!
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Resposta final à Dança Com Lobos.
Abismo
"Vê como estão sempre me abandonando?"
"Eu nunca contei minha história a ninguém, mas posso lhe contar, se assim o quiser". Um simples gesto de cabeça indicou-me que sim.
"Pois bem, eu nasci aqui mesmo, em Willmington, em 1950...Ah sim, como eram bons aqueles tempos!...Fazia parte de uma família muito rica e tinha apenas um irmão - alguns anos mais velho que eu - seu nome era Lionel...Ah meu querido, por que será que me abandonou? Trocávamos tantas cartas e hoje, nada!...Quando criança eu tinha muito medo da chuva, então Lionel segurava em minhas mãos e me acalmava. Sempre foi muito corajoso, o meu irmão, ele dizia que um dia seria um herói."
O ouvinte mexeu-se incomodado na cadeira.
"Meu pai passou a maior parte da vida trabalhando, era banqueiro, então - como se para compensar a ausência - nas horas livres, dedicava-se a fazer todas as vontades dos filhos. Sabe que eu nuca visitei o túmulo de meu pai? Não tive coragem de ir ao enterro, nem ao menos sei onde esta enterrado! Na verdade, eu não sei nada do mundo há tempos. Mas essa história eu lhe contarei num outro dia.
Já lhe falei de minha mãe, não é? não? Ah minha mãe era dona de uma beleza singular, era capaz de passar horas em frente ao toucador, se admirando. Era muito afeita ao luxo, a riqueza e tinha pouquíssima paciência com os filhos. Eu e Lionel, na verdade, crescemos criados pelos empregados...Certo dia ela simplesmente desapareceu, sim, arrumou suas coisas e foi embora, nos abandonou...Vê como as pessoas estão sempre me abandonando? Mas eu não a culpo- ela nunca pareceu feliz, a vida de dona de casa era pouco para ela e talvez não amasse meu pai- mas eu não a culpo porque de infelicidade eu entendo bem, só eu sei o quanto sofri quando pensei que ele tivesse morrido...Mas me enganaram, ele continua vivo e sempre me visita, a última vez foi na véspera de minha vinda para cá...Ah, meu Deus, será que ele sabe onde estou?Preciso vê-lo, explicar tudo! Por favor me leva pra casa!Me tira daqui!Não...não me deixe, me ajude! Não vá embora...não!"
Mas meus gritos e meu choro espantaram a única pessoa que podería comprovar minha sanidade. Fiquei, então, sozinha com meus devaneios, assustada com minha própria atitude desesperada.
O que passa de alma a alma.
Beleza para mim seria o resultado da mistura de definições feitas por Vinícius de Moraes e Oscar Wilde. Ou seja, aquilo que uma pessoa realça com seus próprios traços naturais e que de certa forma exale poesia como tudo o que é puro. É quando o andar sugere uma batida musical, a respiração que exibe as curvas dos seios é de forma graciosa e casta, ou ainda quando a extensão das espáduas deixa a curiosidade de se entrever o seu ponto final . Beleza, longe de ser fútil, como diria Wilde, é aquilo que se passa de alma a alma, quando a íris capta uma imagem próxima ao angelical,capaz de arrancar suspiros até do mais exigente.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Um P.S à Cigana Oblíqua e Dissimulada
Há algumas frases que traduz o que essa discussão toda acerca do amor quis dizer:
Realmente muito saudável nossa discussão sobre o Amor e a Paixão... mais pessoas deveriam fazer isso.
Pose no discurso
Ao ler meus amigos Iral Levirc, Dança com Lobos e Kanibalas Kunigas dialogarem e teorizarem sobre o amor, venho falar não deste, mas de seus profundos eufemismos...
Num mundo já tão fragilizado e à deriva do desespero, ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe é um tanto quanto, digamos assim, prematuro e incompleto. A fidelidade, afinal, conduz a muito mais do que essas promessas numa noite quente e festiva.
Não falo só dos casamentos: qualquer relação já banalizada vira sinal de infelicidade. E infidelidade consigo mesmo. Ou você discorda que ser obrigado a amar o que não te agrada é trair os próprios sentimentos?
Involuntariamente nos tornamos controladores, menos românticos, imaturos e mau humorados, cometendo um crime tão grave quanto matar um ser humano: matamos aos poucos a convivência de um casal que antes acreditava poder ser feliz até a morte.
Felicidade é outro problema no relacionamento: quanto menos nos conhecemos, menos sabemos o que fazer de nós, e mais infelizes nos tornamos, mesmo que seja no inconsciente. Quanto menos conhecemos nosso parceiro, mais o levaremos à rotina, à falta de vontade própria, à falta de amizade que deve existir entre dois amantes.
O amor só está aí porque se deixou transparecer, iludir, tomar conta da mente ao em vez de melhorá-la. Passo a achar então que, negar a existência do amor, é negar a sua própria existência. Independente da forma de amar.
Os filhos, o sexo, a companhia, a individualidade, o prazer e a realidade de uma vida a dois: se não houver quem acredite, será apenas parte de um sermão na igreja visto sob olhos ingênuos de um homem de terno e uma mulher de vestido branco.
Ignoro.
A mescla de um preto num branco
Sempre me remetendo ao passado
E deixando lembranças
Mas de um passado que virá.
Loucura já não é adjetivo adequado,
para a angústia desenfreada do toque
naquelas páginas amareladas.
A música continua a ser ouvida...
E aquelas sombras,
elas ainda não se foram.
Elas insistem em me escurecer
e a dançar nas paredes frias.
Vá para a luz! Alguém diria então.
Ir como se não agrada?
Agrada mesmo as lembranças deixadas,
o tato deliciando-se nas páginas amarelas.
E por que não as músicas? Afinal elas são belas
E como elas a solidão
Desse tempo que não pode ser sentido
A razão não compreende
como sentir um tempo não vivido.
E eu? Muito menos.
Ignoro!
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Intromissão na Discussão..
O amor pode ser interpretado de diversas maneiras, sendo que obviamente, pode não ser o mesmo sentimento para todos, uma vez que não sabemos o que os outros sentem.
Eu por exemplo, não sinto amor por quase nada, ou pelo menos nomeio quase nenhuma de minhas emoções como tal.
Acho que a discussão aborda um ponto que não foi dito: Paixão. Ambos estão corretos, mas não especificaram exatamente os sentimentos.
A paixão sim, acaba, e pelo menos para quem a acompanha de fora, se torna intocável e bonita quando não concretizada, uma vez que se imortaliza, principalmente nas páginas de livros e filmes.
Já o amor é um sentimento inextinguível, digo o amor de verdade, e esse não implica realmente relações afetivas, pode se amar sem desejar. Grandes amores são formados por picos de paixão mútua, e que com o tempo, com a diminuição da chama inicial, um amor calmo e contínuo que nunca se extingue e leva duas pessoas a trilhar a eternidade de suas vidas juntos.
Mas acima de tudo, considero isso mais uma questão de opinião do que propriamente de verdade absoluta, uma vez que como eu disse, os sentimentos nomeados como amor podem ser diversos, e pessoas que experimentaram mais o amor podem ter opiniões diferentes, assim como quem teve experiências positivas ou negativas procuram Platão e Schopenhauer, respectivamente.
Talvez minhas idéias estejam erradas, mas imagino que uma opinião um pouco menos emotiva e apaixonada seria de grande valia para essa discussão.
Obrigado pela atenção,
Kanibalas Kunigas.
Nada sob o Sol.
Os motivos, nunca disse ao certo. Não que não desejasse, faltava-me platéia. As cortinas da oragem se abriam mas apenas as cadeiras estavam lá, imóveis, sem expressão.
Acontece que era triste. Mas não deixei de forçar, uma vez ou outra, os enferrujados músculos da face, num esforço desesperado e monótono. Porém, não consegui mais que um sorriso amarelo. Pois só quem conhece e admira verdadeiros sorrisos sabe que são divididos em tipos e subtipos.
O meu era da classe dos amarelados de tristeza. E a razão que fazia brotar lágrimas nos olhos não era a mesma de um Pierrot ao ver sua Colombina entrelaçar outros dedos. Contudo, muda-se o contexto mas não completamente o personagem.
Na mesma ordem do poema: "do riso fez-se o pranto". Do tempo em que podia-se compartilhar de meu riso infantil , sem necessitar que eu fizesse algo especialmente cômico. Aquelas crianças riam de mim, de pequenos detalhes, e ao começarem a rir, riam de seu riso esganiçado abafado pela lona amarelada. Assim, várias e várias vezes, de modo exagerado , quase insano. A tinta branca em minha face escorria, mas não pelas lágrimas, mas pelo suor do trabalho de fazer sorrir...
Mas aí vieram os anos, e cruelmente varreram as crianças e a lona. E sempre qundo pouso a cabeça em meu travesseiro , torno a lembrar que eles esqueceram de varrer alguém : este palhaço sem platéia. Esse #detalheignorado.
Um P.S para o Iral,
Você sabe que nosso debate aqui é só pelo texto não é? Teoria é teoria...
Não leve para a vida fora do Blog!
Parabéns novamente!
Caro Iral,
Na verdade, a teoria a qual coloquei não é exatamente minha teoria sobre o Amor, mas sim sobre o casamento. Admito que eu tenho uma visão inteiramente pessimista em relação ao matrimônio por acontecimentos familiares, que fizeram eu manter essa ideia.
Não abomino a relação física dentro do Amor, não quando ela é mantida dentro dos parâmtros amorosos sem tornar-se vulgar ou cotidiana. Também não acredito que pensar no Amor casto seja somente idealismo e que exista somente na Literatura, uma vez que é fato que muitas religiões mantém essa tradição que eu prezo e gostaria muito que existisse em outros costumes. Quanto existir na Literatura, é um fato que eu posso comprovar por conhecer casos reais e próximos de mim . Acredito simplesmente que o Amor é muito mais para necessitar tanto quanto tem necessitado atualmente do plano físico. Acreditar nisso não é discurso de fracos, muitísssimos pelo contrário, é discurso daqueles que têm coragem de admitir que não vê uma relação entre duas pessoas muito além do que a relação entre almas, como vem acontecendo atualmente. Dizer que o Amor casto não existe sim é um discurso de fracos, pois são esses que têm medo de satisfazer-se espiritualmente apenas.
Não digo que em uma relação não possa haver sexo. Nunca disse isso e também acho uma parte importante de intimidade e uma demonstração de confiança. O que eu não acredito é que o Amor, na verdade a Paixão, não acabe desgatando-se por si mesmo quando este é posto demasiadas vezes ao lado do que é físico, que em muitos casos o Amor fique à mercê de relações físicas.
Isso eu desprezo. Acredito que existindo relação física ou não, o Amor por si só viveria. Pois o sentimento mais nobre criado por Deus - ou qualquer seja a crença - não depende em nenhum grau do físico. Porque não é o Amor que precisa de nós, somos nós que precisamos dele.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Quando as Flores não Desabrocham
Ainda é cedo.
Cedo. Muito cedo, na verdade. Dizem que nunca é tarde demais. Mas eu digo que é cedo demais. Por que ninguém nunca disse isso? Por que nunca ninguém disse que era cedo demais para aqueles que precisavam escutar? Para poder dizer depois que era tarde ...decerto.
E então só perceberão quando Cartola dizer que o mundo é um moinho.
Sentado em uma das crateras lunares, eu fico observando tudo o que iniciou-se demasiado cedo, ou aquilo que acabou antes que mal começasse. Como a partida daquele bisavô que você tinha muito, muito mais para conversar e mal sabia disso. Como o bater asas do filho. Como qualquer fim sem recomeço. Como aquela prostituta que não escutou o quão cedo era.
Na Terra, daqui de cima observando, tudo é muito rápido. Correm.Saltam.Gritam.Destroem.Sacrificam.Morrem.Nascem.Nascem e morrem de novo. O problema é que na Terra tudo vira um ciclo. E a estaca de pará-lo nunca está em mãos.
Não sei se é impressão minha, não sei se é porque, você sabe, aqui em cima o lado escuro é sempre igual. E tudo dá aquela sensação de agilidade devagar. Como diz minha canção, eu quero "um machado pra quebrar o gelo". Eu queria poder gritar daqui pra todos que eu vejo o quão cedo é.
É cedo ainda, amor. O Sol ainda nem atingiu a América.
É um #detalheignorado não é?
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Sugestão de Entrevista
Fernando Meirelles é um arquiteto que passou a dirigir programas independentes para TV nos anos 1980, comerciais nos anos 1990 e finalmente longa-metragens no século XXI. Seus filmes são: O Menino Maluquinho 2 - A Aventura (1998), Domésticas (2000), Cidade de Deus (2002) - nomeado para quatro Oscars, incluindo o de melhor diretor - e O Jardineiro Fiel (2004), também indicado a quatro Oscars e Ensaio sobre a Cegueira, baseado no livro de José Saramago.
Vietnã, 17 de abril de 1968
Estimada Helena,
Peço-lhe perdão pela eloquência de minha última carta. Não queria deixá-la com o coração transpassado de agonia. O caso é que precisava expressar-me, uma vez que começo a desconfiar da capacidade de meu psicológico em permanecer neste lugar...
Antes que me esqueça, você sabe, querida, que o correio militar não é dos mais eficientes; por isso cedo aqui um espaço em minha carta onde lhe direi algumas palavras de J.J : está a me dizer que, assim que retornar à América, enfim a levará, como prometido, a viajar pelo país a contemplar a estátua da Liberdade. Passarão, então, um dia em Nova York, assim como o fizera Gene Kelly, Sinatra e Betty Garrett! Ele diz que dançarão ao som de Ben E. King sob um luar magnífico, no mesmo local de sempre...fico a imaginar que local seria esse.
Helena, continua com suas revoluções anti-guerra? Responda-me sinceramente, por favor.
Despeço-me aqui, o dever me chama. Que Nosso Senhor a abençõe, aos nossos pais, a mim e a J.J.
Ternamente.
Dança com Lobos.
Sem P.Ss hoje.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Dilacerando aqueles olhares
Percebo que as palavras começam a me arranhar, tão possessivas quanto aquelas lembranças cheias de calor, cheiros, toques... Suas unhas curtas me rasgavam os neurônios, todos bagunçados depois que você chegou e partiu, voltou e foi embora mais uma vez. O meu corpo sentia falta de te sentir ali, respirando ao meu lado. Sentia, ainda sente. Me alucina às vezes, e nem estou com febre ainda. Talvez seja exatamente esse o propósito de te fazer meu refém na imaginação: é assim que se ganha mais prazer.
Não há explicação...
Não chore; pense, liberte.
Inspiração dos Astros na plena tarde
Saudações, Terra. Eu tenho andando por muitos planetas utlmamente, para não dizer galáxias. Mas não tinha ninguém lá. Ninguém que me chamasse de navegador de estrelas, como na desambiguação da palavra astronauta. Nada que me lembrasse, ainda que remotamente, as cócegas causadas pelas cerdas de um gramado. Nem ao menos que ecoasse docemente em meus ouvidos como uma imitação barata da pura água corrente.
Na verdade estão todos aqui. Ou estamos todos aqui. E aqui há quem nos diga palavras em um idioma conhecido – ou não – e algo que nosso tato reconheça como a espessura da casca de uma árvore. Aqui há o barulho da chuva na calha do telhado que me faça pensar em Deus. O nosso, a verdade universal.
Então, antes que minha alma fosse tomada pela essência da falta contínua do perfume da singela flor , escrevo-lhe para anunciar a minha ida a seu encontro, casa. Porque fiquei sabendo da sua saúde delicada. Mas eu trouxe algo desses planetas em que estive navegando, e que lhe sirva como remédio: trouxe a conhecida sensação de pedaço perdido, de saudade elevada ao cubo que aquele distante cheiro de lar nos traz, e nos deixa nostálgicos... mas a cima de tudo nos lembra da singularidade da casa, nossa casa. E de como é única, sozinha, lá, um pontinho no universo. Mas ah! Que pontinho belo! O que eu trouxe é a consciência dessa falta de estoque. E a vontade de conservar esse cheirinho de casa. Do modo original, perfeito. Então, Terra, eu prometo cuidar-lhe.Pois a salvação está aqui, ó : S2
Terra, um #detalheignorado.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Livro indicado por Dança com Lobos: O Telescopio de Schopenhauer
Pegadas envergonhadas sobre dourados tijolos
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Um outro dia.
Texto 1 e 2
Andando pelas vielas de Nova York, com meu andar calmo e cuidadoso, pensando nos negócios que tenho de tratar com um certo senhor que me telefonara no dia anterior.. senti um arrepio na nuca, me virei e mal pude distinguir um vulto se escondendo atrás de um latão de lixo. Não me impressionei, nem sinti medo, pois o verdadeiro problema em situações como essa são nossas emoções, e sobre essas eu tenho total controle.
Me voltei para a frente, minha mão escorregando para dentro do paletó, e segui em um passo ainda mais vagaroso e distraído, e como o esperado, senti uma repentina aproximação e uma voz disse:
- Give me all the Money, you freak!
Certamente ele se referia a minha desgradável aparência, as cicatrizes no rosto e o andar manquitolado. Mas nem por isso me irritei, mas um ódio controlado cresceu em mim, aquele animalzinho pagaria por sua falta de educação.
Levei a mão esquerda ao bolso, pegando minha carteira, e olhei disfarçadamente para a poça de água embaixo de mim, meu adversário era um adolescente, não mais do que 17 anos, segurava uma pistola calibre 12, podia distinguir espinhas no rosto, mas não era feio e tinha um certo nervosismo, seria fácil.
Estendi a mão esquerda para trás e no momento que ele ia pegá-la ele abaixou um pouco a arma, e eu rapidamente enfiei-lhe o canivete que eu segurava na mão direita em seu pulso. Urrando de dor ele caiu para trás, me virei com um sorriso no rosto e disse-lhe:
- I’m the freak? Would you like to be like me? – e enquanto dizia isso arranquei a lâmina de seu pulso e passei-a na boca para sentir o gosto de seu sangue, para meu deleite tinha gosto de medo.
Agora chorando o garoto pedia perdão e implorava, não senti nenhum tipo de dó, e comecei minha obra de arte! Olhando a poça d’agua e vendo meu reflexo, fiz-lhe cortes transversais e paralelos, de modo a deixá-lo parecido comigo, modéstia a parte, foi um ótimo trabalho!
Quando terminei meu serviço o ladrãozinho ainda chorava e percebi, feliz, que ele havia molhado as calças. Limpando o canivete na blusa dele, levantei-me e segui em frente, afinal tinha um importante encontro.
Ao fundo ouvia um choro, que se distanciava...a vida realmente é fascinante, vejam como uma simples caminhada em uma gélida manhã pode se tornar tão agradável!
Kanibalas Kunigas.
Surgem dois estranhos e um raio me cai na cabeça.
Acordei na manhã seguinte com a mesma luz em meu rosto e percebi-me sentada num canto do cômodo, como havia parado lá nem mesma eu sabia. Em seguida surgiram dois homens, um deles, para não fugir à regra, vestido de branco. Este pegou-me gentilmente no braço levando-me de volta para cama. O outro sorria para mim como se já me conhecesse.
Então veio a revelação para todo o mistério que me cercava: o homem de branco era nada menos que um médico e estava ali para cuidar de mim. "Como! Minha saúde está ótima!", mas minha mente não estava, ao que parece eu estava louca. Sim, louca! E por que não? Obviamente ele não usou estas palavras e sim outras que a delicadeza da situação exigia. Eu me encontrava, portanto, num manicômio, ou numa clínica psiquiátrica, como preferirem, o fato é que aquela notícia atingiu-me como um raio e, desesperada, passei a gritar com todas as minhas forças. O outro desconhecido tentava me acalmar.
"Oh, chama-me de Helena? Pois então conhece-me? Mas eu não o conheço! Afaste-se de mim!"
Não sei como, nem porquê, mas após tanta gritaria senti-me atordoada e sonolenta. Meus dois estranhos despejaram toneladas de palavras consoladoras, das quais não compreendi nenhuma.
O medico explicou-me, quando me viu mais calma, que o homem que o acompanhava - não lembro-me se mencionou o nome - estava ali para fazer-me companhia, quando eu precisasse de alguém para conversar. O mencionado pegou-me, então, nas mãos, fitando-me com um ar insuportável de compaixão, mas que ao mesmo tempo me confortava.
A ideia não era má, talvez se eu lhe contasse minha história, com os detalhes tão exatos que guardei em meu coração, percebessem, por fim, que eu não era louca.
Então o homem pegou-me nas mãos fintando-me com...mas isso já lhes contei, certo? Ou não?...Não importa, continuemos a história.
Vietnã, 20 de maio de 1968
Helena,
Para o inferno com a guerra! E isso é quase um pleonasmo! Tinha razão, minha irmã. Como sempre soube que tivera. Odeio a guerra assim como odeio a mim mesmo por fazê-la possível! Estou farto de homens sedentos de sangue, de mulheres à deriva, jogadas à sarjeta dessa cidadezinha mais pútrida que a prórpia situação. Desprezo e cuspo em cima de qualquer flâmula que incite à guerra pela guerra. O ódio pelo ódio... mas é esse mesmo ódio que me toma agora! Ora, que espécie de animais somos?
Deixe que eu respondo: somos os que tornam possível a concretização da teoria o Homem é o Lobo do Homem. Deixamos que Hobbes esteja certo! Aqui, nesse purgatório, eu vejo, eu posso ver! Somos o homem que mata o homem, por pura afeição a desgraça. Somos os que encontram satisfação sexual no sofrimento alheio. Somos o lixo do mundo!
Mas ao mesmo tempo, irmã - e ai de mim! - somos os que amam! Como seria isso possível, Deus meu? A mesma vil carcaça possuir também uma alma capaz de amar! E como ama...
Não, não me chame de simpatizador de Schopenhauer ou pseudointelectual do existencialismo... pois sei que o fará! Apenas estou farto! Farto de despertar todas as manhãs em uma cama asquerosa e encarar a morte a cada esquina. A Morte em todas as suas formas, Helena!
Ontem mesmo; equanto tomava meu posto, uma garotinha de não mais de oito anos aproximou-se de mim com seu único braço, e a noite peguei-me a buscar em minha mente sinais de que talvez eu pudesse ser seu mutilador...O que seria isso senão o Inferno, minha irmã? Vejo no rosto de meus comandantes o prório Diabo e me convenço.
Em meio a essa carta cinzenta, espero de coração que todos estejam bem em casa.
Do seu irmão que lhe ama,
Dança Com Lobos.
P.S: caso uma das cartas não chegue à América, eu e J.J mandamos a carta de cada um e a do outro.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Dessa vez eu não quero morrer!
Eu acabara de abrir os olhos ...Que luz era aquela? Quem se atrevia a abrir as janelas do meu quarto? Elas nunca ficavam abertas, nunca! Eu não gostava de luz, ela me fazia mal e...mas então percebi : Aquele não era meu quarto! Era branco demais, claro demais, o relógio nem marcava oito horas! Meus relógios sempre marcavam oito horas!
"Ah, sim". Começava a me lembrar. Eu estava em meu quarto, sim, diante do meu toucador, quando alguém entrou - sem ao menos se anunciar - "Como é possível isso? Eu nunca recebo visitas, ninguém além do meu..." Mas não era ele, eram dois homens estranhos, estavam de branco, eles seguraram-me pelos braços e me levaram embora, de resto não me lembrava.
"Oh, meu Deus, decerto que morri! " Mas eu mesma não pude acreditar nisso, meu coração ainda batia!Pois os corações continuam batendo após a morte? Não, morrer não era assim. eu já havia tentado uma vez e tinha sido bem diferente, naquela ocasião eu senti dor, muita dor!
Pois bem, o mistério continuava, estava sozinha, deitada num quarto branco, com uma claridade infernal e um relógio que não marcava oito horas...mas aí vinha alguém. Claro, outra pessoa de branco! Uma mulher dessa vez..."Quem é você? O que quer de mim? Não me diga para me acalmar, eu não quero me acalmar!O que está fazendo? Ah, meu Deus, agora sim eu morro! Por favor, não faça isso, eu quis morrer várias vezes é verdade, mas agora não, não quero mais!. Mas não adiantava gritar, e, pouco a pouco, a luz foi sumindo...
Vietnã, 05 de maio de 1968
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Carta para uma velha amiga.
Parado observando aquele vasto e escuro lago, senti uma calmaria estonteante, poderia ter morrido naquele instante que não ligaria, todos os laços haviam sido cortados, era eu e apenas eu.
Como é lindo o anonimato da morte, alguns se desesperam em pensar em um mundo que não se lembrasse deles. Mas geralmente, essas são as pessoas que não fizeram diferença nem em vida, por que então ligar para a morte? Seria apenas a continuação de suas vidas...
Por outro lado, alguns dos grandes sábios, e eu não me encaixo nesse grupo, apesar de terem de fato vivido, não temem a Eterna Companheira, tratam-na como amiga, e convidam-na a entrar, tomam com ela sua ultima xícara de chá, e talvez por isso ela lhes poupe por mais alguns instantes, mas ao estender o braço da inexistência Ela os trata com carinho, e não há sofrimento.
Como diria Platão, há duas possibilidades, ou a morte nos leva a um descanso eterno e invariável, como um sono dos imortais ou existe algo, mais magnífico e incrível do que qualquer coisa que imagine-mos, em ambos os casos.. não há o que temer.
No primeiro, deve-se lembrar que não ligaremos por não existir, se não existirmos, não haverá nenhum tipo de sofrimento, só paz.
No segundo, creio que o mais tolo dos tolos entende que não deveríamos temer qualquer coisa que exista.
Minha opinião sobre o que existe, se existe? Não a tenho formulada, e talvez nunca a tenha, ou se tiver não a compartilharei, mas não acho que isso mude as coisas, não saber o que se passara não torna as coisas piores, na verdade transforma a morte num desafio incrível, numa jornada inevitável, que mesmo que me fosse possível eu não evitaria.
Antes de temer morrer, temo viver! Não se deve passar a vida com medo da morte, e se esquecer de que para temê-la, você deve ter medo de perder algo.. mas se voce nada tiver, porque temê-la?
Por isso não tenho nem medo de você, querida escuridão, nem remorso ao conduzir alguém aos seus braços.
Que quando a hora de nos encontrarmos chegar, que possamos sentar e conversar, apreciando um café que preparei especialmente para a senhorita.
Com muito amor,
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Ecce Homo
Atenciosamente, Iral Levirc. Ecce Homo.
Bailando no ar
Algumas pulseiras, um poema dramático e uma atração quase sexual pela autodestruição. Até diria que eu sou cópia barata de Capitu. Metade verão, metade melodia, verbos e oceanos que por mim passaram. Ouso dizer que alguns ficaram; “despromovendo” o desapego. Meu lado romântico briga, pois não quer existir. A roupa colorida é para esconder os dias cinzas. Corro da dor constantemente e há sempre alguma maquiagem que disfarce a falta de brilho.
Desamarre o laço, abra a caixa. Sentirá um leve cheiro de provocação, mas não se engane, estas mãos no teclado causam estragos irreversíveis aos corações desatentos. Dentro da caixa fica mais e mais difícil de respirar. A solidão acaba até sendo subestimada. Mas apenas me leve pra longe. "Close your eyes, sometimes it helps".
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
No fundo o que nos governa são nossos instintos, e nada mais.
Sua face desfigurada brilhava na escuridão da noite, finalmente ele teria sua vingança, a tanto planejada.. aproximou-se sorrateiramente da soleira da porta e sem produzir nenhum barulho entrou no armazém.
Como esperava, não houve problemas com o cão, que ele havia envenenado a algumas horas, com um bolo de carne com cicuta, procurou alguma fonte de luz nos bolsos para que pudesse se orientar, e achando uma caixa de fósforos acendeu um, apenas para se localizar corretamente, a sua missão não toleraria erros.
Subindo vagarosamente a escada lembrou-se da sua infância conturbada, as necessidades que passou, e depois daquela horrível noite de outubro como sua vida havia sido arrancada dos trilhos.. Faziam exatamente 17 anos, desde que aquele homem bêbado e desleixado havia se casado com sua mãe, e os abusos que havia sofrido, como tinha tido sua cara esfregada nas cinzas da lareira por seu padrasto alcoolizado.
Mas hoje tudo acabaria, depois do assassinato de sua mãe, o covarde havia fugido da policia, mas ele o achara, em uma pequena vila, afastada no meio da Irlanda.
A escada acabou, foram 15 passos até o fim, nem em um momento tão crucial como este ele podia deixar de contá-los. Adentrou o quarto na penumbra, quase derrubou um abajur, em um móvel que não estava ali quando ele visitara a casa na manhã do dia anterior.
Retirando a faca de bolso esquerdo do casaco, ele se aproximou pé ante pé da cabeceira da cama, agora já sentia o fedor de aguardente que o homem deitado exalava , dormia sem imaginar o perigo que corria.
Se preparou mentalmente para o golpe que iria desferir, não queria matá-lo de uma vez, apenas danificar sua garganta para que ele não conseguisse gritar. Colocou a lâmina próxima ao pescoço do homem que destruira sua vida, e quando ia trasnspaça-la...
Quando teve uma idéia melhor, para que o homem não gritasse ele precisava apenas arrancar sua língua, mas ao invés de pegar sua faca e posicioná-la na boca da vítima, ele a deixou no criado-mudo, tentara evitar essa ideia desde o começo, mas agora que estava tão perto de seu objetivo não podia evitá-la, aproximou sua boca da de seu padrasto e abriu-lhe levemente a boca com a língua, e ele quase acordando só percebeu o que acontecia quando a dor lancinante de sua língua sendo arrancada a dentadas lhe chegou ao cérebro, mas ai já era tarde.
No dia seguinte, espalhou-se um boato, que mais tarde foi confirmado, o velho senhor do armazém morrera, não que sua morte fosse realmente sentida, era apenas um velho bêbado, mas a forma como acontecera arrepiaria o próprio Lúcifer.
O homem havia sido devorado, primeiro sua língua, depois as orelhas, depois as bochechas, o nariz, e parte por parte, sua carne fora arrancada, de sua cansada face só havia lhe sobrado os ossos e alguns pedaços de pele rejeitados pelo canibal. E em seu peito, ao lado da cavidade que um dia conteve um coração estavam rasgadas na carne duas grandes letras, a assinatura do artista que havia feito tudo aquilo, KK.
Mal sabiam aquelas pessoas, que esse tinha sido apenas a primeira das minhas muitas refeições
Com ternura,
Kanibalas Kunigas.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Quando os Diamantes brutos devem permanecer assim
O Romeu com sua Julieta ou ainda Rose e Jack foram presenteados com essa pureza. A Morte deu-lhes a dádva de poder cultivar e manter seu amor da mesma forma que ele nasceu; como o desejo de toda mãe que é ter seus filhos eternamente bebês.
Essa é minha filosofia sobre o Amor.