domingo, 20 de fevereiro de 2011

Resposta final à Dança Com Lobos.

Devo dizer, para não deixar passar, que o seu texto original não se dirigia claramente tão só ao casamento. Uma indeterminação que julgo agora resolvida.


Indeterminações! É isso que sobra nas cosmovisões idealistas, que descem da mente ao mundo, do céu a terra. Indeterminado é, por exemplo, o termo “parâmetros amorosos”. Não há nada de substancial nesse termo, nenhuma significação objetiva. É um termo feito para agradar a gregos e troianos e eu mesmo poderia aceitá-lo. Basta que eu o coloque a meu serviço, a serviço dos meus parâmetros, dos meus amores.

Quanto à castidade, reafirmo a minha crítica a ela enquanto um valor. É um valor do não à vida, do não à realidade. Quando você escreve “amor casto”, eu leio “amor preso”, “amor reprimido”, “amor amputado”. Claro, novamente o termo “casto” é sujeito às inúmeras interpretações que fazem com que haja discordantes concordando. Casto pode significar “fiel”. Pode significar “cauteloso” ou “prudente”. Se assim for, estaríamos de acordo. Mas como saber?

Reitero a minha afirmação de que o amor emana do plano físico. Ao ver a “intromissão” do plano físico como algo ruim, estão invertidas as relações. Como já falei anteriormente, a sua lógica desce do céu à terra. A minha ascende da terra ao céu.

Noto que, na sua concepção, o fato de “satisfazer-se espiritualmente apenas” é um ato de força. Discordo, obviamente, visto que o “apenas” compreende uma limitação. E limites são, em última análise, sinais de fraqueza.

Tais são as confusões de linguagem trazidas pelos idealismos especulativos. A covardia é chamada de coragem, a fraqueza é sinal de força. Assim como, já nos primórdios, os fracos se denominariam ‘os bons’ e chamariam os fortes de ‘os maus’. As escolhas de termos são escolhas políticas, campo de disputa.

Além dessa confusão em termos que torna o debate formal bastante complicado, concluí algo que remete a nossa discussão a questões muito mais fundamentais. A nossa discordância, revelada nessa discussão acerca do amor (Notei que você escreve Amor, com letra maiúscula, assim como o personifica na última frase de sua tréplica), tem raízes nos princípios do pensamento. Discordamos em nossa cosmovisão, em nossa visão de mundo. Em termos filosóficos, estamos debatendo aqui cada um com uma Weltanschauung, claramente opostas.

Não estou fazendo um discurso conciliador, muito pelo contrário. Estou mostrando que a profundidade do nosso conflito é maior do que apenas essa discussão e que ele não será resolvido por ela.

Tomo essa discussão sobre o amor como encerrada por insuficiência e me dou por satisfeito ao esclarecer os conflitos, mais profundos.

Conclusivamente,

Iral Levirc.

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