quinta-feira, 31 de março de 2011

Em Claro

As noites se passam em claro
se os dias se passam em vão.
E que desgraça, os dias em claro!
E noites de solidão...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Compadre, tu perdeste teu amuleto

Sobreviveste ao aborto,


O pobre cidadão,

O podre ser humano.


Sempre foi relaxado,

Sempre foi desastrado,

Sempre foi um tremendo desgraçado.


Ao precipício,

Sempre encontra uma maneira

De jogar do parapeito para no infinito cair

O belo intocado, finalmente, deixar de existir.


Vê o perfeito,

Age como te agrada,

E sempre o que te agrada,

É o que destrói o que era mais que nada

Angústia que agora lhe acompanha, o que destruirás?


Angustia-o pensar

Em que esta angústia matará.

Tanta é esta pressão, louco ficará.

Logo a fúria surgirá, e quem você perderá?

Já fora tua paixão, não? Fora tua ira que disse adeus com vontade.

Fora teu rochoso, pequeno e frio coração que pela primeira vez chorara.


Teu amor,

Para trás não deu nem uma olhadela.

Andara ao sol poente com decidido esquecimento,

Desde o primeiro minuto de desespero, não consegue esquecer-se dela.

Nunca imaginara? Nunca lhe ocorrera? Uma hora ela fugiria de você, traste [abandonado.

Sujeito sujo, desnaturado, tu fora abandonados até pelos filhos! Esperava mais [amor desta mulher?

Volta para tua eterna empoeirada casa! Faça tua sopa, faça igual à dela! A [coma com a mesma cara gulosa, a mesma colher.


E neste momento,

Aparece em meu bar

Apenas para reclamar que perdeste

Um objeto precioso que comprara numa viagem qualquer?

Compadre, o objeto precioso que você tinha já se foi há tempos atrás,

E lhe digo mais, de objeto não tinha nada. Por essas bandas, mulher como [aquela

Não se acha por aqui, mas, se tem uma coisa que não entendo, é como que ela, [aquela bela

Escolhera o homem mais sujo deste velho lugar abandonado. Mas já chega, vá, [tu está bêbado, suma destas bandas e apenas volte ao perceber o que ela fez [por você, cachorro velho. Desapareça!

Evaporar

A minha tristeza cresceu. Arrisco dizer que ficou tão grande, que se tornou normal. E existe isso mesmo? Será? Por quê? Não foi por causa do sangue nos olhos, foi? Ou seria da lama nos sapatos, naquele dia silencioso? Eu nem me lembro muito dele, mas me lembro da verdade.

Foi num dia que a minha fortaleza decidiu se derramar. Começou escorrendo pelo nariz, boca, todos os buracos que nós temos – até aqueles que escondemos. Ela se esvaziou porque não mais me pertencia. E talvez, se for pensar, eu nunca possui nada mesmo. Só algumas cartas de baralho de um velho tarô.

Todas aquelas imagens suas me divertiam, você sabe. E a minha pele fina, quase albina, sentia tanto o seu calor. Fazendo da minha alma, sã. Transformando meu corpo trancado num quadro nu. Mas eu perdi, você perdeu. O "nós" se deixou morrer. Tudo, como antes, inexistiu. E isso por si só define o vazio que ficou hoje e me consome. Me evapora do mundo.

"help".

terça-feira, 22 de março de 2011

Yesterday, no banco da praça.

Eu conheci uma garota um dia desses. Em uma praça em algum lugar Across the Universe. Ela me contou coisas de garota. Coisas como blush e sapatos. E eu contei coisas como rock e brilhantina.
Mas ambos falamos sobre Ticket To Ride. E olha que ela admitiu ter um e não se importar.
Então eu disse para que ela não temesse, porque All you need is love, você sabe. Eu a convidei, depois de pedir uma Help aos deuses, a fazer um Magical Mistery Tour comigo. Mas ela não aceitou e disse " Ask me Why". Eu perguntei e, corando um pouco, arrumando uma mecha atras da orelha, respondeu que não tinha Money. Confesso que ri um pouco de sua ingenuidade e me ofereci a pagar, é claro. Ela disfarçou, olhando para o céu e apontando para um Blackbird. Sem saber como retomar a conversa, só pensei em lhe dizer Here Comes The Sun.
Percebi que precisava pensar em Something para convencê-la a passear comigo. Disse que se ela aceitasse ir ao show dos Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band eu lhe daria All my Loving.
Para minha tristeza, ela me olhou e apenas disse " Let it Be". Caí e mim e me dei conta de que seria A Hard Day's Night.
Perguntei seu nome e ela me disse, relutante. Oh, Lovely Rita!.
Like Dreamers Do eu lhe disse Baby it's you! Ela me olhou espantada e se levantou dizendo, para meu espanto Let's Dance. Dançamos a luz da lua, no meio daquela pracinha sem coreto. E aquilo fez com que escorressem Lonely Tears In My Eyes.
Escutei que em algum lugar ao longe soava Twist and Shout mas achei a música ousada demais. Então continuamos. Acredito que All The Lonely People deveriam experimentar dançar sem música. Lembrei do dinheiro que ela havia me dito não ter e pensei Can't buy me Love!. Derepente, começou Rain. Ela fez menção de deixar meus braços, mas eu lhe sussurrei Don't Let me Down. Continuamos assim por um tempo, até que ela se sobressaltou e me disse que sua mãe estava vindo em nosso encontro. Perguntei o nome daquela senhora . "Eleanor Rigby", ela disse.
Separamo-nos, então, e fiquei esperando que a mulher de Blue Suede Shoes se aproximasse. Ela apenas deu um sinal e Rita passou a caminhar em sua direção. Então, eu gritei " mas I wanna Hold Your Hand!!".
Ela estacou onde estava e perguntou " How do You do It"? Eu respondi que fazia isso com Words of Love, e ainda deixei escapar um "I'm In Love".
Ela sorriu para mim graciosamente e seguiu sua mãe.
Fiquei ali, dizendo para mim mesmo " You will Be Mine" e nos imaginando fugindo em um Yellow Submarine. Mas entãp percebi que eu era um Bad Boy e que Rita merecia uma pessoa melhor.
Conclui que All I have to Do era ir até ela e dizer " eu quero A Picture of You". Se ela dissesse que sim eu teria A Taste of Honey, mas se ela dissesse que não eu pelo menos saberia que tive A Day in The Life de amor.


P.S: dedico esse post à genialidade dos Beatles.

domingo, 20 de março de 2011

Influências

"No mesmo ano em que conheci JJ, em 1965, a Guerra do Vietnã começou. Não preciso dizer o quanto essa guerra marcou a vida de muitas pessoas - você também deve ter presenciado tudo- mas o que você não sabe é a influência que ela teve sobre minha vida.
JJ e eu constantemente nos encontrávamos, em lanchonetes, bailes e mesmo em minha casa, todas as vezes que nos víamos ele lançava sobre mim aquele olhar perscrutador, como se tentasse ler meus pensamentos, já que eu não tinha coragem para dizê-los. Quem tomou a primeira atitude foi, obviamente, ele. Estávamos no baile de formatura dele e Lionel, a banda - daquelas em que os integrantes usavam ternos coloridos e que hoje, infelizmente não existem mais - tocava uma canção do The Temptations. JJ arrastou-me para a pista e enquanto dançávamos - comigo completamente tomada pelo nervosismo - ele me disse o que sentia e pediu-me uma resposta. Disse essa última frase quase que com autoridade, o que arrancou-me a confissão: Sim, eu também sentia o mesmo.
Parecia que minha vida havia, finalmente, tomado sentido, tudo o que eu fazia e pensava relacionava-se a JJ, eu não conseguia entender, e ainda não consigo, como uma única pessoa podia exercer tanta influência sobre mim, mas não importava...Por que balança a cabeça, Matthew? Ah claro!Lionel também pensava assim, achava que eu não tinha mais vida própria, mas eu apenas havia mudado meu jeito de viver, havia encontrado uma razão para isso...mas eu não culpava Lionel e também não culpo você, nem eu mesma consigo entender, ao certo, meus sentimentos...
Com o tempo uma nova ideia passou a dividir espaço comigo na vida de JJ, e ela parecia morar também nos pensamentos de Lionel. Os dois amigos passavam horas conversando em segredo, tomando o cuidado de me manter afastada do mistério. Aquela situação inquietava-me cada vez mais, tratando-se de Lionel e JJ - daquelas duas almas idealistas, prontas para liderar uma revolução - só poderia partir uma ideia perigosa.
E, enquanto se seguia o mistério, a guerra avançava no Vietnã. Entrávamos no ano de 1966."

sábado, 19 de março de 2011

Ser louco é para os fortes

Se fossemos todos seguir o que a moda nos impõe e tudo que nos é requerido pela suposta etiqueta, seríamos todos iguais. E é exatamente por isso que sou chamado de louco, por não seguir condutas sociais como essas.

Tenho orgulho de ser louco, pois, melhor ser louco sendo eu do que o que outros tentam forçar em nossa mente, quase sempre conseguindo com extrema facilidade. Mas, e você? Será um louco como eu, ou sucumbira às pressões dessa "sociedade perfeita"?

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Rei está só.

Eu queria escrever alguma coisa de ponta cabeça, você sabe. Sim, de ponta cabeça mesmo. Mas eu estou dizendo no sentido abstrato.
Queria escrever alguma coisa ao léu. Com já diz a música, e se alguém não quiser ler, que "jogue ao léu o meu coração de papel. " Não, tudo bem, não hesite em parar de ler aqui; faça já porque o que se segue não é lá muito interessante. Desculpe, mas o Astronauta está um pouco enfadonho hoje. Um pouco avesso. E dái a ponta cabeça. Mas eu considero que a quinta-feira é meu dia em especial. E é porque ainda não é sexta ( e sexta só é interessante enquanto ainda não chegou. Você compreende o que eu digo, é só expectativa) e já deixou de ser segunda.
"Time goes by so slowly, and time can do so much". Ah Deus, eu amo essa música. Eu costumo escutá-la aqui no vazio universal. Mas costumo ouvir na voz de Elvis Presley. Eu me sinto mal dizendo "voz de Elvis Presley", porque parece tão pouco. Ficaria melhor " eu costumo ouvir no dom do Elvis Presley", na "dádva" ou ainda na "alma de Elvis Presley". Sim, eu acho que é alma que cabe aqui.
Eu tenho uma certa nostalgia a respeito de Presley. Uma nostalgia de algo que eu tampouco vivi. Na minha mente que vive circulando nas órbitas dos planetas, Elvis foi tanto e de tal maneira que ninguém consegue expressar. Não se expressa nem mesmo sua beleza exteriror, tampouco toda sua figura de lenda viva.
Tive um sonho com ele, uma noite dessas. E sempre que sonho com meus ídolos me entristeço. Principlamente porque todos esses meus ídolos estão mortos. E para usar aquela velha frase, alguns deles, sim, morreram de overdose.
Eu tenho sempre aquela sensação que certas pessoas deveriam ser imortais. E o Presley é uma dessas pessoas que eu acho absurdo possuirem uma lápide.
Se alguém não teve o privilégio e a alegria de escutar a música da qual eu falei, clique aqui e ao fim do texto se emocione com o Astronauta.
Sim, sim, o rei estava doente . Mas doença não tira a nobreza.
Eu fico imaginando se o Rei não está se sentindo um tanto solitário no Céu. Torço para que lá exista pelo menos um violão, um palco e algum público apreciador do velho rock e das baladas. Porque eu temo que o rei talvez esteja só.
Mas a solidão também não tira a nobreza.
Felizes os solitários de espírito porque deles é ( não, não vou dizer "é o Reino dos Céus, mas talvez até seja) a poesia do Universo!
Pronto, escrevi alguma coisa ao léu.

P.S: eu dedico esse post a meu ídolo,mito,espetacular e imortal Elvis Presley.

terça-feira, 15 de março de 2011

14 de Março - Dia Nacional da Poesia

Escrevo um pouco atrasada, mas não menos atenciosa.
Venho para lembrá-los, amigos poetas, da nossa enorme missão num mundo tão objetivo e pragmático.

Nossa poesia é a arte que transcreve as ideias, os sons, toques e cheiros que imaginamos. É ela que escreve dos beijos que lembramos, as feridas que guardamos e os sonhos que planejamos. Só através da escrita consertamos desentendimentos e criamos formas de variadas cores para representar uma visão de mundo nova e sem paradigmas. Passamos a entender, então, que palavras são só palavras, quando ditas sem coragem e sem coração.

A missão do "escrevedor" é dizer o que todos estavam pensando em suas cabeças tristes, mas com um vocabulário resgatado do fundo dos baús, afundado pela esperança que muita gente já enterrou. Olho-no-olho nos torna mais humanos e nos explica muita coisa.

Mas é a poesia o que nos faz eternos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Um campo de flores secas

Ouvindo aquelas palavras vindas de seus belos lábios, palavras vorazes e cortantes, perfurando meu coração. Vendo tua escura, jovem e bela silhueta caminhando em direção ao horizonte, raios solares nunca tão ofuscantes arderam-me os olhos e fizeram-me chorar.

E, assim, nada sobrou. Partira e o que me sobrou? Fiz de você minhas flores, minhas rosas esperanças; fiz de você meus rios, meu ativo e profundo amor; fiz de você minhas estrelas, o brilho de meu olhar. O que não levara? Deixara-me para minha amargura e solidão, para uma vida em preto e branco, rasa pela falta de pensamento, opaca e triste pela falta de sentimento.

Os que me conheciam, fugiram. Os que de mim gostavam, se distanciaram. Os que me amavam, não existiam. Viu o que teu maldito amor me causara? O falso amor ao qual me apresentara, o verdadeiro amor que lhe proporcionei. Falso ou verdadeiro, são agora passado, destruídos estão.

Sobrara-me sonhar em posição fetal, dentro de um sujo e amargurado apartamento, em cima de uma cama repleta de restos alimentícios, bitucas de cigarro e garrafas quebradas da mais podre pinga. Lençóis sujos pelo gozo meu e de prostitutas baratas e feias. Tão deplorável era meu estado que até as putas me achavam asqueroso e repugnante. Putas malditas, já me faltam dinheiro até para camisinhas, e quando eu não pagava queriam me prender. Eram apenas vadias, ninguém as escutava.

Olhava naquele mundo poluído pela putaria da vida e daquele amor lazarento que não existe. Ruas sujas como as vaginas abertas das putas com quem fiz “amor”. Via tudo isso pelo motivo de ter sido despejado de meu humilde apartamento por não pagar o aluguel, dormia agora no banco, em baixo de jornais pútridos jogados à deriva.

Uma noite chuvosa com temerosos raios molhava minha barba empoeirada e, se por acaso, com algumas aranhas ali hospedadas. Filha de uma égua esta chuva, esta chuva que viera numa já gélida noite que, além de despedaçar meu jornal, me trouxera uma pneumonia complementada por uma pior ainda tuberculose, rasgando meus pulmões e garganta. Deitado e esperando o abraço libertador da morte.

Nesta mesma noite, a vi, ela, a pessoa que tudo isso me causou, finalmente voltar e andar em minha direção. Uma pálida e velha silhueta vinha em minha direção. Parara na minha frente, me olhou do pé ao crânio e assustara-se, ficou com um queixo mais aberto que a porra de uma boca de hipopótamo. Logo, veio de seus ressecados e extremamente finos lábios roxos que se lembrava de mim, que já havia me amado e que odiava me ver naquele estado. Que queria ajudar.

Consegui me levantar do frio banco de pedra, olhei-a nos olhos com voracidade, e com uma rouca e pútrida voz, abaixo da chuva, ela ouviu dos meus lábios em carne viva que ela me transformou em um campo de flores secas e pálidas, que me transformara em um seco chão arenoso e rachado como de um rio evaporado do sertão e que também me transformara numa vasta solidão de um universo nublado sem estrelas, sem sonhos. Disse-a que se quisesse finalmente me ajudar, ela devia voltar na porra do tempo e nunca ter me amado, nunca ter me conhecido. Disse que devia ir embora, me deixar para morrer e nunca mais pensar em mim. Ela foi, mas nunca parou de pensar em mim.

sábado, 12 de março de 2011

Café da Manhã


    “Pão fresco, queijo cheiroso, frutas coloridas e um cheirinho de café quente.”
     Assim lembro de minha vida até agora, e não poderia ser diferente, praticamente todos os dias mais notáveis dela se passaram quando eu acordava de manhãzinha. Talvez aquele velho ditado: “ Deus ajuda quem cedo madruga” seja verdade. Se seus dias não são tão bons, talvez seja porque a melhor parte você esteja perdendo dormindo!
     Se suas semanas passam lentas e tediosas, experimente acordar bem cedinho, faça um café bem forte, e arranje algo útil para fazer.. você não irá se arrepender, e não pense que é diferente com a nossa vida, quanto mais cedo acordarmos, mais cedo seremos .
     Acordem para a vida, não percam suas gloriosas manhãs!!!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Astrologia musical


Fugindo dele, conectou o fone de ouvido o mais rápido que pode às caixas de som. Num desespero disfarçado, elas eram uma espécie de salvação além da porta trancada, e por vezes, do travesseiro. Mas a insônia a rondava como uma fumaça, cegando-a.


Dormir, naquele momento seria hipocrisia. Sonhar? Fora de cogitação! Quase como um crime desnecessário. Aumentou sutilmente o volume, escolhendo à deriva uma música qualquer que a distraísse por, ao menos, um curto tempo. Sentiu a nostalgia machucar seus pensamentos, afinal, tudo não passara de uma mentira, não é? Uma mentira amarga, até mesmo sem pé nem cabeça, irracional, incompreensível, culpada... Tão culpada.

Ilusão mesmo era aceitar que ouvindo suas músicas, delirando em suas letras e conformando-se com os problemas a calma viria e a tempestade não passaria de um vento já longe. Não passou. Não era vento, era um furação. Também não era só mais um problema, e ela já não tinha mais opções. Não podia mais pular do avião, saltar daquele trem em movimento, não podia mais se esconder, não encontrava a chave da porta, não tinha luz em túnel algum, não, não, não. Ensurdecia de nãos. Sufocada na própria falta de ar e esperança.

Ensaio sobre o barco.

Pegue um pequeno barco e o empurre. Que seja um de papel . Ou que seja um bote indígena. Empurre nas águas do rio. Escolha um com águas calmas, porque elas não ficarão sempre assim. Então o assopre para ajudar no impulso. Sente-se comodamente encostado em uma macieira, que faça uma bela sombra. Peça ao Universo , em silêncio, que conspire pelo seu barco. Peça também , que ele aponte pra casa no fim de tudo.
Observe seu barco navegando. Observe como ele oscila. E que é possível entrever alguns homenzinhos marinheiros içando as velas.
Sopre o ar devagar e acene a seu barco com um lencinho branco. Fique olhando enquanto as águas o conduzem . E sinta pezarosamente como não o tem mais em mãos. Observe-o sumir de vista na linha do horizonte. Engolido pelo por do sol. Não esqueça de tirar um foto.
Quando anoitecer, lembre-se que ele terá as constelações para se guiar e que hoje é lua cheia. Levante-se , volte para casa e pouse a cabeça no travesseiro de penas.
Agora pode dormir relaxado. Você já o conduziu.

P.S: tomem o barco pelo destino ou talvez por um filho. Mas tomem o rio como o universo.

Eu sei disso porque sou um navegador de estrelas, sou um habitante do Universo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Lembranças de uma outra noite desesperada

    Em minha mente escuto sua respiração, ela já não é mais tão nítida como antes. Mas consigo me lembrar como se fosse hoje do nosso primeiro beijo.. alguns anos já se passaram, derramei muitas lágrimas nesse meio tempo, mas alternei os choros com alguns bons momentos em que eu relembrava o que passamos juntos.
    Não tenho realmente o que escrever, faço isso mais por mania do que por prazer. Mas admito que sem você, comigo sofrendo ou não, minha vida se esvazia, talvez por isso seja tão difícil te esquecer.
    As vezes ainda me pego olhando uma foto sua, lendo algo que escreveu, meus dedos chegam ao seu nome na agenda do celular sem que eu perceba. Realmente é difícil se recuperar, ainda mais quando se imagina um futuro inteiro com alguém, e seu plano não chega nem perto de se concretizar.
    Você pode ou não ser a mulher da minha vida, mas isso a vida vai me dizer. Se dependesse de mim, sabemos o que eu faria, sairia correndo para te encontrar, fugiria para qualquer lugar, apenas para ter você em meus braços.
    Nenhum preço seria alto demais para poder relembrar o toque de seus lábios ou o calor de seus abraços, mas como acontece com coisas que não tem preço, elas não estão a venda.. e só posso ter uma pequena amostra, em minha memórias.. que já começam a se perder.
    
    E o relógio corre, a cada segundo estamos mais separados, e em pouco tempo minha vida seguirá seu curso, mas por alguns dias ainda posso ter a esperança de que você se apaixonará por mim, que tudo ainda pode dar certo. Não sei o que será de mim sem essa esperança, sem esse sofrimento, sem essa alegria, sem você.
    Suponho que terei de preencher o vazio com outra coisa.. mas o que pode ser tão verdadeiro e intenso como meu amor por você?

terça-feira, 8 de março de 2011

Sim ou não?

- Fala sim ou não!
- Porque?
- Só fala!
Não, Não, Não!
     Ao longo da nossa vida, nós desenvolvemos diferentes e criativos modos de, na linguagem popular, tirar o nosso da reta.
     A famosa pergunta aleatória, sim ou não, é o mais famoso exemplo. Para quem quiser praticar é simples, pense em algo de difícil solução na sua vida, escolha qualquer conhecido e indague: faço ou não? E o que ele responder, será.
     Fácil, não? Se alguém morrer por essa decisão, você ficará de consciência limpa, afinal foi o ‘destino’ que quis assim.          
                                         CONVERSA FIADA!        
     Algumas vezes temos que simplesmente admitir que não sabemos como agir, o que fazer.. e nesses casos podemos até pedir auxilio a alguém de extrema confiança, mas no fundo temos de escolher na cara e coragem os nossos destinos.. podemos errar, mas pelo menos fomos sensatos o bastante para não deixar a escolha ao acaso, sim acaso, e não destino.
     De maneira alguma, porém, podemos decidir coisas importantes levianamente.. e não precisam ser nem tão importantes, há pessoas que adquirem o hábito de não escolher, de pedir opiniões, de esperar ao máximo. 
     E essas pessoas, embora consigam por tempos não quebrar radicalmente a cara, nunca alcançam o sucesso profissional e pessoal, pois mesmo se chegarem ao topo, não se sentem assim.. não foram elas que fizeram as escolhas.
     A vida é um caminho, cheio de bifurcações, e o que difere as pessoas, são os caminhos que elas tomam, e a perseverança em que avançam. No final, a nossa vida é apenas um rally, em que quem fez as melhores escolhas (rotas) e foi mais dedicado ganha.
     Mas enganam-se aqueles que metaforizam isso, no sentido capitalista de competição. A vida é sim uma competição, mas não entre você e as pessoas, mas uma corrida contra você mesmo.

Sorria então, já que em uma corrida contra você mesmo, a não ser que você desista, não há como perder.

JJ

"Já contava quinze anos quando o conheci, Jack era o nome dele - ou JJ para os amigos - eu estava em casa, ao piano, embalada numa versão frustrada de Chopin - confesso que nunca fui muito boa nisso - quando meu irmão e Jack entraram na sala. No momento não vi mais que outro daqueles amigos de meu irmão - garotos débeis que nem ao menos sabiam o que faziam no mundo - mas algo nele prendeu-me a atenção, talvez fosse sua beleza estonteante ou aqueles olhos, altivos, questionadores, ou mesmo a postura firme, como quem vê o mundo do alto. O que quer que fosse, havia me fascinado.
Nos dias que sucederam fiz de tudo para que os assuntos entre mim e Lionel chegassem ao nome de Jack, e dessa forma, Lionel me contava tudo o que eu precisava saber sobre ele. Falava do amigo com verdadeira adoração, possuíam muito em comum, os ideais, a vontade inexplicável de mudar o mundo...e pensar que foi esse espírito revolucionário que pôs meu mundo abaixo...
Mas falemos disso mais tarde, por ora basta saber que assim como entre Lionel e Jack crescia uma amizade indestrutível, entre nós dois também nascia um sentimento que seria tão forte que ..." E a enfermeira entrou no quarto encerrando o horário da visita, meu ouvinte - Matthew era o nome dele, segundo me disse - despediu-se e saiu.
Como vêem, apesar da minha "crise" do outro dia, Matthew voltou a visitar-me. Quando olhava para ele via algo tão familiar que chegava a pensar...não, isso sería loucura e , ao contrário do que parecia, eu não estava louca.

domingo, 6 de março de 2011

Piedade na piada

A loira está no restaurante. Ela chama o garçom e, quando ele se aproxima, ela se levanta e fala baixinho no ouvido dele: -Onde é o banheiro? O garçom responde: - Do outro lado. A loira se aproxima do outro ouvido do garçom e diz: - Onde é o banheiro?

Por que os portugueses não fecham a porta quando vão ao banheiro? R: Para não olharem pelo buraco da fechadura.

         Joaquim padeiro, loira lerda, piadas com ou sem graça, depende se você chama Joaquim, ou é loira.

         É interessante pensar que em Portugal, os brasileiros é que são motivo de piada. Teremos raiva então dos portugas? Não.. mas isso trás um grande ensinamento, todos nós somos os portugueses de alguém, todos temos defeitos e qualidades, passiveis ou não de gozação. Por isso todos nós, muitas e muitas vezes, acabamos por zoar e sermos zoados por alguém no curso de nossas vidas.
         Mas temos de tomar cuidado com os limites e as conseqüências, aquela velha história que a professora da quarta série contava, e ninguém dava ouvidos, tem lá sua boa parte de verdade.. afinal não exagere em circunstâncias em que você não gostaria de ser a vitima da piada.. pois realmente uma hora você a será, e garanto que quando essa hora chegar você vai desejar que sejam piedosos com você... como você não foi com eles. 

quinta-feira, 3 de março de 2011

A "pseudo-arte"


Eu não deveria escrever sobre isso. Os astros indicam que eu seja cuidadoso. Mas vá lá! Que é a vida sem os riscos?
Surpreendi-me ao descobrir que a imbecilidade humana seja assunto tão interessante. É fantástico analisar os níveis e os subníveis, as causas e consequências...E nem é necessário dizer aqui que atualmente minha admiração pelo meu cachorro é imensa.
Mas o que me choca mesmo, é que os imbecis estão por todos os lados! Existem aqueles que deixam-na transparecer uma vez ou outra, através da ignorância, por exemplo, outros parecem não ter pudores em demonstrá-la. Até mesmo sua linguagem corporal a deixa parecer. E ao olhar para trás, a poucas décadas de distância, não sei se é idealismo de minha parte, mas os imbecis existiam em menor número. Hoje a imbecilidade é um modo de vida. E como tudo precisa ter público, há aqueles que a aplaudem e a sustentam. Mas não...liberdade de expressão! Não podemos calar aqueles que não têm nada para dizer...
Não sei você, mas eu nunca vi um animal dizendo - claro!- ou fazendo estupidez. Ou asneira, como queira. Inclusive, li hoje no dicionário de sinônimos que uma palavra relacionada a asneira é a "pseudo-arte". Como tudo hoje em dia é arte, a estupidez também não poderia deixar de ser.
Mas não se assustem, a estupidez e/ou imbecilidade tem cura: uma dose de cultura já o bastante para fazer os primeiros efeitos.
Não reparem, meus caros, o Astronauta hoje, está mais de mármore que de outra coisa. Talvez seja o frio...

quarta-feira, 2 de março de 2011

205/55 R16

Quando o grupo foi formado, me lembro bem, éramos cinco. Por que cinco, se só quatro desempenhariam todas as funções? Tal era a pergunta de todos nós. Mas, inertes como sempre fomos, esperamos o juízo dos nossos superiores.

Pouco antes de iniciarmos as atividades, fomos apresentados às nossas funções. Fui o último da fila e notei que não parecia sobrar nenhuma função para mim. Estávamos certos afinal: apenas quatro bastariam.

Acaso algum de vocês já foi considerado desnecessário? Supérfluo? Maior humilhação não há. É preferível ser considerado nocivo que desnecessário. É melhor ser odiado que ser desprezado.

Mas enfim, eis que me colocaram de lado e então entendi: Eu, em segundo plano, estava ali para esperar a minha vez. A minha vez para que? Talvez para algo maior? Eu me perdia nesses pensamentos e apenas a minha inércia me mantinha ali, quieto, esperando.

Era até engraçado. De tempos em tempos, vinham e se certificavam de que eu mantinha a aptidão para os serviços. Nesses dias, eu pensava que estava chegando a minha vez. Mas nunca chegava.

Passaram-se alguns anos e aos poucos perdia as esperanças. Não havia nada de grande me esperando. Perguntava-me: Porque justo eu? Eu era igual aos outros, tão capaz quanto eles! Poderia fazer tudo que eles faziam, e com a mesma eficiência! Eu havia sido injustiçado, e isso me deixou amargurado como o diabo.

A amargura me trazia terríveis pensamentos, inveja, desejo de vingança. E isso não foi de todo ruim: Percebi, nesses devaneios, que algo poderia me colocar no meu lugar de direto. Era necessário que apenas um dos outros quatro se mostrasse incapaz e eu poderia provar a todos que era tão bom quanto eles! E nesse dia todos saberiam o erro que fora me manter lá, naquele maldito limbo!

Então eu esperei. E esperei muito. Você já esperou muito por algo, meu amigo? A gente se cansa, deixa de ver graça na vida. Se é que existe alguma graça pra ser vista... Bom, o caso é que depois de uma longa espera eu não queria mais nada: Queria apenas que tudo fosse pro inferno. Eu era só ódio, maus dias aqueles...

Nem me lembro direito em que dia aconteceu. Um deles fracassou, não conseguiu superar um pequeno obstáculo. Certamente os vários anos o haviam desgastado. Em todo caso, ele falhou, furou, como disse nosso superior naqueles dias.

Eis que então fui considerado necessário: a espera havia chegado ao fim. Com que prazer enorme eu diria: “Não! Vocês não podem me desprezar e então decidirem que precisam de mim! Se virem sem mim agora, pago pra ver!” Mas não disse nada e fui colocado obedientemente no lugar do meu fracassado companheiro. Afinal de contas, o que pode um simples pneu fazer?

O mundo como o vemos.

Uma reflexão:  Se, ao invés das tragédias corriqueiras, todos os programas de televisão começassem a passar apenas notícias amenas e boas.. e você fosse perguntado como o mundo é.. o que responderia?
  Provavelmente que o mundo é um lugar pacifico e bom.
  Mas então vai a pergunta: como o mundo é hoje?
  Acredito que todos responderíamos a mesmíssima coisa: Um mundo em guerra e maléfico...
  Mas espere um pouco.. porque achamos isso? É o que vemos todos os dias não é? Será? 
  Ou isto é entregue de bandeja aos nossos atentos olhares.. por um aparelho chamado TELEVISÃO???
  Como então saber se isso também não é uma ilusão??
  Aprendemos a desejar um mundo perfeito, um verdadeiro conto de fadas, onde não hajam assassinatos, roubos, malandragens.. mas esquecemos que são assim que as coisas são.. nós somos assim, erramos, trapaceamos  - obviamente que em medidas diferentes -.. mas é a nossa natureza.
  Então porque não parar de desejar um mundo angelical, e começar a pensar em um mundo real?
  Porque afinal temos que ter essa visão amedrontadora e distorcida de que na próxima esquina seremos brutalmente assassinados??
  Simples.. se o mundo já é uma porcaria.. porque tentaríamos melhorá-lo?  Não adianta reivindicar nada, acabaremos mortos mesmo.. melhor é viver nossa vidinha podre e deixar as coisas como estão, não é?
  È isso que querem que pensemos.. que o mundo não tem jeito, e ganhar uma batalha em que o adversário entra pensando já estar derrotado é muito mais fácil.
Acontece todo o dia, acordamos e já levantamos derrotados, nada fazemos para tentar mudar ou melhorar algo... e quem ganha? Bom, duvido que cruzemos com um deles na rua..  digamos que eles tem suas próprias linhas aéreas.
  O mundo pode ou não ser violento, pode ou não mudar.. mas como você vai saber como ele realmente é, se passa o dia olhando uma caixinha preta com imagens??

 Com licença, mas tenho uma vida a viver, e não estou nem um pouco a fim de vê-la passar por uma tela,
  
Até mais!

terça-feira, 1 de março de 2011

Cansei, não quero e prefiro.

Cansei do sentimentalismo enlatado. Do sentimentalismo fast food. Do barulho da TV enquanto escrevo. Da filosofia racionalizada. Da Literatura mal interpretada. Da poesia sem eu lírico. Da vaidade intelectual. Da citação de grandes. Da inversão de valores. Do preconceito com pré e pós. Cansei da didática. E também odeio a metafísica. Dos jornalistas poetas. Dos poetas jornalistas ( e dos cronistas políticos). Cansei de bestsellers que não são best. Cansei do carnaval da AIDS. E me farta a física aplicada. Que diabos, afinal, é física?! Cansei do sol no Brasil. Cansei do futebol sem ser a bola o foco ( e sim os cifrões). Cansei de discurso de formatura. Isso porque também odeio formatura. Odeio meninas de vestidos curtos ( papai não gosta!). Enjoei dos confusos. Cansei das novelas das oito (que são das nove). Também de escrever. Não, de escrever não. Cansei de Elvis Presley estar morto. Eu quero o Elvis! Também odeio as palavras célebres empoeiradas nas estantes. Enjoei da internet. Não quero mais filme colorido. E desprezo o cinema 3d. Eu quero o cinema de verdade. Eu quero Chaplin e Gene Kelly no mesmo filme! Eu cansei de atores novos. Eu quero a Fernanda Montenegro. Quero ouvir palestra do Ferreira Gullar. Não quero autobiografia. Quero biografia. Não quero Obama. Quero Nelson Mandela. Não quero a mulher moderna. Eu quero a mulher capaz de sentir e pensar ao mesmo tempo. Cansei do século XXI. Quero os anos dourados. O sonho americano ( que nunca existiu). Eu não quero o holocausto. Eu quero só o soldado que volta da guerra. E eu também cansei de apostilas. E também dos filmes hollywoodianos. Prefiro cinema europeu. Looney Toones, não Disney. Homem-Pássaro, não Ben-10. Prefiro Super Nitendo a XBOX. Super Mario Bros. Pac Man. Eu cansei. Eu simplesmente cansei daquilo que se repete. E eu sou muito novo(a) para isso.