terça-feira, 8 de março de 2011

JJ

"Já contava quinze anos quando o conheci, Jack era o nome dele - ou JJ para os amigos - eu estava em casa, ao piano, embalada numa versão frustrada de Chopin - confesso que nunca fui muito boa nisso - quando meu irmão e Jack entraram na sala. No momento não vi mais que outro daqueles amigos de meu irmão - garotos débeis que nem ao menos sabiam o que faziam no mundo - mas algo nele prendeu-me a atenção, talvez fosse sua beleza estonteante ou aqueles olhos, altivos, questionadores, ou mesmo a postura firme, como quem vê o mundo do alto. O que quer que fosse, havia me fascinado.
Nos dias que sucederam fiz de tudo para que os assuntos entre mim e Lionel chegassem ao nome de Jack, e dessa forma, Lionel me contava tudo o que eu precisava saber sobre ele. Falava do amigo com verdadeira adoração, possuíam muito em comum, os ideais, a vontade inexplicável de mudar o mundo...e pensar que foi esse espírito revolucionário que pôs meu mundo abaixo...
Mas falemos disso mais tarde, por ora basta saber que assim como entre Lionel e Jack crescia uma amizade indestrutível, entre nós dois também nascia um sentimento que seria tão forte que ..." E a enfermeira entrou no quarto encerrando o horário da visita, meu ouvinte - Matthew era o nome dele, segundo me disse - despediu-se e saiu.
Como vêem, apesar da minha "crise" do outro dia, Matthew voltou a visitar-me. Quando olhava para ele via algo tão familiar que chegava a pensar...não, isso sería loucura e , ao contrário do que parecia, eu não estava louca.

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