quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Unique



Feche os olhos, conte até 10, sinta terra se movendo, respire fundo, sinta seu coração batendo contra o peito, a expectativa que cresce dentro de si, o maremoto de pensamentos e frases soltas, as imagens da felicidade e da tristeza em um redemoinho de cores... Sinta da ponta do seu dedo do pé até as raízes do seu cabelo, passando pela cintura, dedos das mãos, axilas, lábios e orelhas... Sinta a pulsação da vida, da sua vida, em todos os bilhões de universos e realidades, conhecidos ou desconhecidos, reais ou imaginários, de todas pessoas que respiram e todas que pensam, nenhuma sequer se parece minimamente com você. Você viveu fatos que – embora outras pessoas possam ter vivido – nunca estiveram ordenados nessa cronologia e nessa importância, em um corpo com as células e moléculas com essa conformação, em uma determinação genética e fenotípica inéditas, em um cérebro com uma capacidade de interação, armazenamento e imaginação impressionantes. Você é único, como uma gota de orvalho repousando em uma folha de um pé de acerola na manhã de uma segunda-feira, existem infinitas gotas, trilhões de folhas, bilhões de pés de acerola, milhões de manhãs, milhares de segundas-feiras, mas a maneira como você imaginou isso.. só existiu uma vez, e uma vez dentro da sua consciência.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Despedida


Vil Sociedade,
Me prendeste em
Correntes de palavras,
De juramentos,
De pressão.

Por meio desta
Minha última obra,
Meu último poema,
Me despeço de vocês.
Sentirei a falta de todos.

Mas cansei-me,
Quebro as algemas,
Viro livre,
Torno a avoar por aí.
Almejo novas aventuras.

Não esquecerei do
Que passamos juntos
Mas este velho Hobbit
Quer crescer
E nada mais vê aqui.

Um triste adeus
A todos vocês...

Quem sabe não volto
A ajudar-lhes
Com minha trêmula caligrafia novamente.
Bilbo Baggins.



PS: Esta é apenas uma forma figurada de despedida que fiz e as palavras que nela se encontram são cruéis, mas nem um pouco verdadeiras. Espero que os leitores entendam que é apenas uma obra de ficção, tendo a despedida como única verdade. Portanto, despeço-me; um grande abraço aos que me acompanharam. Adieu!