quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sobre dois amigos e uma certa Felicidade

Abri a porta e lá estava ela.
Ela quem?
A Felicidade, ora essa!
Parada a sua porta? Sei.
É verdade, ela estava lá!
E o que achou dela?
Bela, muito bela. E sorria para mim.
Só faltava estar chorando! E convidou-a para entrar?
Não foi preciso, entrou sozinha.Ficamos sentados um olhando para o outro. É engraçado, esperei por tanto tempo essa visita e quando, finalmente, ela chegou, eu não  soube o que fazer.
Você é patético.
Talvez eu seja. Eu podia ter pedido pra ela ficar, morar comigo, sabe? Sei que daria certo, mas ela me intimida...
Ela iria embora de qualquer jeito, sabe como ela é, nunca fica por muito tempo. Relaxa, ela volta.
Ela não saiu pela porta, saiu pela janela. Esquisito, não é?
Previsível, eu diria.
Onde será que ela está agora?
Na porta de outro alguém, pronta pra iludir mais um e ir embora de repente.
Como ela fez com você?
Sim, como ela fez comigo e com todo mundo.Ela pode ser bem cruel às vezes.
Ela só cumpre seu dever.
Você acredita mesmo na Felicidade? Digo, que pode tê-la para sempre?
Mas é claro!
Então ouça meu conselho, velho amigo: na próxima visita feche bem as janelas, para não perde-la mais uma vez!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

E eis que chegamos ao fim

Quando terminei minha história, Matthew me olhou como se esperasse algo mais e ,vendo que eu não continuava, apenas se levantou e foi embora. Meu Deus, como ele me era familiar! O jeito de andar, o olhar protetor...passaram-se dias e nada da visita de meu amigo e, então, numa tarde qualquer ele apareceu.


Eu não estava em meu quarto e sim passeando no jardim, nós nos sentamos em um banco de madeira e ficamos assim por um tempo, um olhando para o outro, ambos como se esperassem respostas.


"Por que desapareceu por tanto tempo? Me deixou aflita! Resolveu fazer como Lionel, que me fez esperar tanto tempo sua volta e..." Meu coração quase saltou pela boca . Ah céus agora tudo fazia sentido! Tamanha semelhança não era coincidência! Ele não era um amigo, nem sequer era Matthew, aquele homem misterioso e tão solidário era Lionel, meu querido irmão!


Joguei-me em seus braços e nós dois choramos com tanta força que quase faltou-me o ar. Foram todos esses anos me procurando, para me encontrar ali, jogada num hospício!E eu não fui capaz de reconhecer meu próprio irmão, contei a ele toda minha história e nem ao menos percebi a emoção em seus olhos! Entendi, então, que, de fato, todos eles tinham razão.


Por que eu era a única que recebia as visitas de JJ? Por que somente eu falava e ele apenas sorria? Por que eu tinha rugas, fios brancos e ele continuava jovem e belo? Por uma simples razão: JJ estava morto e eu estava louca.


Minha falta de lucidez nunca me permitiu ver o absurdo que me acontecia: fugi de casa, fechei a porta para o mundo e vivi anos na companhia de uma alucinação!É claro que nada disso era normal...


Isso tudo fui percebendo aos poucos - a cada nova constatação, uma dor - segui meu tratamento e superei minha loucura, meu desespero, meu desequilíbrio e hoje vivo com Lionel e Cathy - que permanecem casados, e com o mesmo amor cúmplice e tranquílo.


E aqui, meus queridos leitores, encerro minha narrativa, minha história sobre uma mulher, cujo único mal foi ter amado mais do que podia.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Apenas mais tinta:

Criatividade para quê?

Sentir para quê?

Escrever é apenas

Botar a mão na caneta

E saber quando finalizar o começo.


Um papel em branco

Nada menos é que outro cheio de palavras

Palavras são fúteis,

São inúteis,

São vãs.


O branco

É meu silêncio.

A tinta,

Minha confusa

Barulheira.


E pena eu tenho

Dos que me leem

Dos que pensam que atrás

Da negra tinta do nobre polvo

Existem sentimentos.


Tolos.

Ingênuos.

Sonhadores alienados.

Escravos da própria imaginação.

Seres avoados, percam as asas.