terça-feira, 29 de novembro de 2011

E eis que chegamos ao fim

Quando terminei minha história, Matthew me olhou como se esperasse algo mais e ,vendo que eu não continuava, apenas se levantou e foi embora. Meu Deus, como ele me era familiar! O jeito de andar, o olhar protetor...passaram-se dias e nada da visita de meu amigo e, então, numa tarde qualquer ele apareceu.


Eu não estava em meu quarto e sim passeando no jardim, nós nos sentamos em um banco de madeira e ficamos assim por um tempo, um olhando para o outro, ambos como se esperassem respostas.


"Por que desapareceu por tanto tempo? Me deixou aflita! Resolveu fazer como Lionel, que me fez esperar tanto tempo sua volta e..." Meu coração quase saltou pela boca . Ah céus agora tudo fazia sentido! Tamanha semelhança não era coincidência! Ele não era um amigo, nem sequer era Matthew, aquele homem misterioso e tão solidário era Lionel, meu querido irmão!


Joguei-me em seus braços e nós dois choramos com tanta força que quase faltou-me o ar. Foram todos esses anos me procurando, para me encontrar ali, jogada num hospício!E eu não fui capaz de reconhecer meu próprio irmão, contei a ele toda minha história e nem ao menos percebi a emoção em seus olhos! Entendi, então, que, de fato, todos eles tinham razão.


Por que eu era a única que recebia as visitas de JJ? Por que somente eu falava e ele apenas sorria? Por que eu tinha rugas, fios brancos e ele continuava jovem e belo? Por uma simples razão: JJ estava morto e eu estava louca.


Minha falta de lucidez nunca me permitiu ver o absurdo que me acontecia: fugi de casa, fechei a porta para o mundo e vivi anos na companhia de uma alucinação!É claro que nada disso era normal...


Isso tudo fui percebendo aos poucos - a cada nova constatação, uma dor - segui meu tratamento e superei minha loucura, meu desespero, meu desequilíbrio e hoje vivo com Lionel e Cathy - que permanecem casados, e com o mesmo amor cúmplice e tranquílo.


E aqui, meus queridos leitores, encerro minha narrativa, minha história sobre uma mulher, cujo único mal foi ter amado mais do que podia.

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