segunda-feira, 28 de março de 2011

Evaporar

A minha tristeza cresceu. Arrisco dizer que ficou tão grande, que se tornou normal. E existe isso mesmo? Será? Por quê? Não foi por causa do sangue nos olhos, foi? Ou seria da lama nos sapatos, naquele dia silencioso? Eu nem me lembro muito dele, mas me lembro da verdade.

Foi num dia que a minha fortaleza decidiu se derramar. Começou escorrendo pelo nariz, boca, todos os buracos que nós temos – até aqueles que escondemos. Ela se esvaziou porque não mais me pertencia. E talvez, se for pensar, eu nunca possui nada mesmo. Só algumas cartas de baralho de um velho tarô.

Todas aquelas imagens suas me divertiam, você sabe. E a minha pele fina, quase albina, sentia tanto o seu calor. Fazendo da minha alma, sã. Transformando meu corpo trancado num quadro nu. Mas eu perdi, você perdeu. O "nós" se deixou morrer. Tudo, como antes, inexistiu. E isso por si só define o vazio que ficou hoje e me consome. Me evapora do mundo.

"help".

Um comentário:

Dança Com Lobos disse...

Muito bom, Cigana 1 Fez-se sentir!