quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

No fundo o que nos governa são nossos instintos, e nada mais.

Sua face desfigurada brilhava na escuridão da noite, finalmente ele teria sua vingança, a tanto planejada.. aproximou-se sorrateiramente da soleira da porta e sem produzir nenhum barulho entrou no armazém.

Como esperava, não houve problemas com o cão, que ele havia envenenado a algumas horas, com um bolo de carne com cicuta, procurou alguma fonte de luz nos bolsos para que pudesse se orientar, e achando uma caixa de fósforos acendeu um, apenas para se localizar corretamente, a sua missão não toleraria erros.

Subindo vagarosamente a escada lembrou-se da sua infância conturbada, as necessidades que passou, e depois daquela horrível noite de outubro como sua vida havia sido arrancada dos trilhos.. Faziam exatamente 17 anos, desde que aquele homem bêbado e desleixado havia se casado com sua mãe, e os abusos que havia sofrido, como tinha tido sua cara esfregada nas cinzas da lareira por seu padrasto alcoolizado.

Mas hoje tudo acabaria, depois do assassinato de sua mãe, o covarde havia fugido da policia, mas ele o achara, em uma pequena vila, afastada no meio da Irlanda.

A escada acabou, foram 15 passos até o fim, nem em um momento tão crucial como este ele podia deixar de contá-los. Adentrou o quarto na penumbra, quase derrubou um abajur, em um móvel que não estava ali quando ele visitara a casa na manhã do dia anterior.

Retirando a faca de bolso esquerdo do casaco, ele se aproximou pé ante pé da cabeceira da cama, agora já sentia o fedor de aguardente que o homem deitado exalava , dormia sem imaginar o perigo que corria.

Se preparou mentalmente para o golpe que iria desferir, não queria matá-lo de uma vez, apenas danificar sua garganta para que ele não conseguisse gritar. Colocou a lâmina próxima ao pescoço do homem que destruira sua vida, e quando ia trasnspaça-la...

Quando teve uma idéia melhor, para que o homem não gritasse ele precisava apenas arrancar sua língua, mas ao invés de pegar sua faca e posicioná-la na boca da vítima, ele a deixou no criado-mudo, tentara evitar essa ideia desde o começo, mas agora que estava tão perto de seu objetivo não podia evitá-la, aproximou sua boca da de seu padrasto e abriu-lhe levemente a boca com a língua, e ele quase acordando só percebeu o que acontecia quando a dor lancinante de sua língua sendo arrancada a dentadas lhe chegou ao cérebro, mas ai já era tarde.

No dia seguinte, espalhou-se um boato, que mais tarde foi confirmado, o velho senhor do armazém morrera, não que sua morte fosse realmente sentida, era apenas um velho bêbado, mas a forma como acontecera arrepiaria o próprio Lúcifer.

O homem havia sido devorado, primeiro sua língua, depois as orelhas, depois as bochechas, o nariz, e parte por parte, sua carne fora arrancada, de sua cansada face só havia lhe sobrado os ossos e alguns pedaços de pele rejeitados pelo canibal. E em seu peito, ao lado da cavidade que um dia conteve um coração estavam rasgadas na carne duas grandes letras, a assinatura do artista que havia feito tudo aquilo, KK.

Mal sabiam aquelas pessoas, que esse tinha sido apenas a primeira das minhas muitas refeições

Com ternura,

Kanibalas Kunigas.

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