sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lápis

Lápis. Um... simples lápis. Amarelo, número dois gravado em preto, Staples, ponta fina e resistente, parecido com aqueles de filmes americanos, faltando apenas à borrachinha rosa no topo que se extinguiu de tanto eu tentar apagar meus erros na vida, de tanto me frustrar não conseguindo.
Amarelinho no seu canto, ele me olhava pedindo para ser usado, escurinho no papel, ele pedia por clemência. Gritos silenciosos de sua boca muda quando eu o apontava para fazê-lo mais fino, mais... Melhor.
Tanto que escreveu esse lápis, meu lápis, tanto que leu, tanto que segurou minhas lágrimas e escutou meu choro. Tanto que... tanto que pediu silêncio. Me desculpe, eu não queria ser tão triste assim, você sabe e, ah, como sabe! Meu lápis amarelinho sabe de tudo.
E agora? Meu lápis amarelinho com número dois e Staples gravado em preto sem borrachinha rosa no topo está acabando. Às vezes penso que sou muito perfeccionista, ou que quero tudo do meu jeito... Afinal, a culpa é minha que eu apontei ele tanto para ficar com aquela ponta, que logo acaba, porque eu sei: ninguém, e nada, é perfeito. E nunca será, por mais que eu mude.
Coitadinho do meu lápis amarelinho sem borrachinha rosa no topo com número dois e Staples gravado em preto.  Ele que abraçou tanto a minha mão, ele que sempre me ajudou. Mas acho que ele está é agradecido por acabar, aposto que ele preferiria ter caído nas mãos de uma criancinha que nas minhas tristes, porque ele sabe que não pode fazer nada para me ajudar, que o seu grafite no papel não é o suficiente.
Realmente, meu lápis amarelinho sem borrachinha rosa no topo e com número dois e Staples gravado em preto, não era o suficiente! Nunca foi e nunca será. Mas, olhe, como você me ajudou, como me ajudou! E obrigado, meu lapisinho, eu o amo. Acabe em paz, eu sentirei sua falta, meu lapisinho sem cor, sem borrachinha no topo, sem grafite, sem madeira, sem nada... Você sumiu assim como apareceu.

Nenhum comentário: