segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O velho homem do mar


Eu estou sempre caminhando pelas ruas e observando, eu observo muito, e não poderia escrever sobre minha vida sem mencionar um personagem muito singular, que compõe esse quadro ainda mais singular que é Paris. Estou falando de um senhor, um homem de idade avançada que está sempre no mesmo horário, no mesmo local, esperando o bonde passar.
Boina na cabeça, um casaco apertado e o jornal da manhã amassado embaixo do braço, assim é o nosso personagem...Fechado dentro de si mesmo, parece viver por uma simples questão de obrigaçao, cumprimenta as pessoas sem nenhum vestígio de boa vontade, escravo da cortesia que é...mas o que faz dele uma pessoa singular não é sua falta de interesese pela vida, é seu ar de sabedoria, de velho homem do mar...sim, um velho marinheiro aposentado, capitão do primeiro navio à vapor que atracou no porto de Marselha, já atravessou oceanos, enfrentou tempestades e tem muita história pra contar, conhece a vida tão bem como eu conheço Paris...
Mas veja só aonde nos leva a imaginação!Talvez ele seja um simples homem amargurado, com muitos sonhos mas nenhuma realização, alguém que teve todas as oprtunidades na vida, não soube aproveitar e agora culpa o mundo por isso, ou um homem cansado, à espera de uma aventura que nunca chega...é um mistério que eu nunca pude revelar, ou nunca quis para não pôr fim ao interesse...
O bonde finalmente chega , ele olha para os lados como uma última esperança de que alguém apareça, sobe e o bonde continua seu caminho. Até logo, capitão, segue sua viagem, se um dia resolver voltar às águas e viajar até as terras do além-mar lembre-se de um pobre garoto que, assim como o senhor, está sempre à espera da aventura seguinte.

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