domingo, 31 de março de 2013

Casinha branca

" Chora, menina, chora. Chora porque não tem vintém..."

A menina de vestido rendado, cantarolando baixo, espia, de tempos em tempos, pelo vidro da janela. Ninguém. Bate o pezinho no assoalho de madeira, arruma a cabeleira cacheada, se olha no espelho e volta à janela.

Ali, naquela mesma casinha branca, no meio das árvores, alguém dorme numa cadeira de balanço, os braços soltos, a cabeça baixa e a respiração tranquila. A chaleira apita no fogão, continua dormindo.
Na estrada de terra, próximo ao portão de madeira, surge alguém. De camisa simples, olhos fugitivos e sorriso fácil, ele a espera. 
O gritinho sufocado da menina quase a entrega. Ela passa sorrateiramente pela sala - profissional na arte da fuga - sem despertar o sono do outro morador da casinha branca, e sai ao encontro daquele que já a espera impaciente, para viver sua história de amor.
....Desaparece menino sorridente, desaparece menina da cabeleira, desaparece pessoa que dorme tranquila, cadeira de balanço, chaleira, estrada de terra, portão de madeira. Resta, apenas, uma casinha branca abandonada, no meio das arvores e do mato que disputa espaço com ela. Através do vidro empoeirado da janela, pode-se, somente enxergar, dentro da casa, um velho espelho quebrado.
Teria sido um lindo cenário,
para uma linda história. Ah, triste imaginação!

Um comentário:

Bruno Henrique Veiga de Souza disse...

Meu...incrível, que intrigante!