segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Menino de rua (texto de apresentação)



Ele caminha pelas ruas, sem rumo, sai do nada em direção ao lugar nenhum. Não tem pai, mãe, nem nada que possa chamar de seu, talvez um cãozinho maltratado - pele e osso, como se diz - e um casaco surrado, que achou jogando em algum beco.
Conhece todos os cantos da cidade, conversa com todo tipo de gente, do lunático da praça da Bastilha à madame da Champs- Elysées. Já foi expulso, muitas vezes, a pontapés, daquela padaria da esquina - " eu só queria um pedaço de pão, amigo!" - mas é bem vindo na taverna onde se encontram os estudantes, aqueles, os que vão derrubar o governo!
Ele sabe das coisas, conhece a vida como um senhor de setenta anos, foi obrigado a conhece-la, jogaram-no nela e lhe disseram : se vira! E é isso o que ele faz todos os dias : sobrevive, ou como ele diz, dá seu jeito.
Mas quem é esse "ele" afinal? "Ele", na verdade sou eu. Eu sou esse garoto que você vê andando sozinho pelas ruas, esse garoto sem nome, família, sem moradia fixa e sem futuro, sou esse garoto a quem todos chamam de moleque. Eu sou o Moleque de Paris.

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