quarta-feira, 8 de junho de 2011

Como traduzir o silêncio

Em menos de 5 minutos eu estava devidamente vestida, novamente com cara de fome. Sim, tem gente que está sempre com cara de quem comeu e não gostou, já eu estou sempre com cara de quem quer mais, e mais, e mais. E não me satisfaço fácil como parece.

Eu não era do tipo a ser convidada, notada, escolhida, longe estava da estrela da festa. Mas meu corpo era quente, meus olhos cantavam blues. Brincava de ninar o desejo de cada um, o lado B do sex appeal que todos escondem.

Em comemorações se vê muita criança correndo, brincando de pega-pega, de esconde-esconde, enfim, palavras-repetidas-e-sem-nexo. Eu era a versão adulta dessa fantasia inocente. Procurava o meu alvo, cuidadosamente, enfeitiçando-o depois com palavras e cheiros. É a maneira mais eficiente de se cativar um homem, aliás. Eles pensam com a razão, e, sendo eu a razão em pessoa, havia telepatia suficiente para tal atração.

Comigo, geralmente esquecia-se de qualquer dor. Companhia de verdade eu aprendi que tem de ser assim mesmo: um alucinógeno amigo, uma droga saudável. Meus lábios vermelhos sabiam saciar qualquer tipo de dor. Caso contrário, eu é que não estava bem, mas isso raramente acontecia. Há curas.

Lembro e faço questão de relembrar essa noite em tantas outras, uma, duas, cinquenta vezes. Por não querer dormir, não querer esquecer. Te querer mais uma vez aqui.
E ainda tiveram a coragem de me falar que fumar causa danos à saúde. Amar? Muito mais.

2 comentários:

O Hobbit disse...

Digo aqui, novamente, senhorita Tequila, que sua vinda é bem vinda. Atraíra-me com seus textos, parabéns e que sua vida seja feliz e próspera. :)

Passarinho aprisionado disse...

jackie, me leva cntgo *--*