sexta-feira, 11 de março de 2011

Ensaio sobre o barco.

Pegue um pequeno barco e o empurre. Que seja um de papel . Ou que seja um bote indígena. Empurre nas águas do rio. Escolha um com águas calmas, porque elas não ficarão sempre assim. Então o assopre para ajudar no impulso. Sente-se comodamente encostado em uma macieira, que faça uma bela sombra. Peça ao Universo , em silêncio, que conspire pelo seu barco. Peça também , que ele aponte pra casa no fim de tudo.
Observe seu barco navegando. Observe como ele oscila. E que é possível entrever alguns homenzinhos marinheiros içando as velas.
Sopre o ar devagar e acene a seu barco com um lencinho branco. Fique olhando enquanto as águas o conduzem . E sinta pezarosamente como não o tem mais em mãos. Observe-o sumir de vista na linha do horizonte. Engolido pelo por do sol. Não esqueça de tirar um foto.
Quando anoitecer, lembre-se que ele terá as constelações para se guiar e que hoje é lua cheia. Levante-se , volte para casa e pouse a cabeça no travesseiro de penas.
Agora pode dormir relaxado. Você já o conduziu.

P.S: tomem o barco pelo destino ou talvez por um filho. Mas tomem o rio como o universo.

Eu sei disso porque sou um navegador de estrelas, sou um habitante do Universo.

Um comentário:

Sociedade dos Poetas Vivos disse...

Um texto brilhante como as constelações! *--*
assinado: Um Estranho que gosta de Astronautas