quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Vietnã, algum dia a menos.

Você se lembra que eu lhe disse adeus antes de partir, Helena? Você se lembra que eu lhe disse adeus depois de você me dizer até logo?
Você se lembra de todas as outras cartas ( nem tantas) que lhe mandei manchadas de sangue, querida?Eu acho que as manchas eram minhas lágrimas. Ou quem sabe minhas mãos. Eu estou completamente, exaustivamente, eu estou farto de ser um monstro, Helena!
Eu lhe disse adeus e acho que foi prudente, porque esse ar é assassino. Não sei se culpo o ar ou os que respiram...
Eu estaria com uma arma apontada a mim mesmo - meu maior inimigo- se ontem não tivesse encontrado uma vida. E você sabe que toda vida que se encontra serve de combustível, não a tanques, mas a nossas almas de soldados.
Era um filhote de cachorro. Sozinho, rem raça. Como a maioria das pessoas e como eu me sinto agora, nesse nada. Estou cuidando dele, tentando protegê-lo do ar, queria levá-lo até outra atmosfera. Ele é uma parte de mim que renasceu, a parte viva. Como uma flor que ressurge das cinzas de um incêndio. Estou me sentindo uma fênix.
Você acredita que as coisas renasçam das cinzas, Helena? Eu passo a crer. E se há algo de belo na guerra, é isso.
Diga a Cathy que meu coração andou dimnuindo de tamanho mas que ela ainda possui seus metros quadrados, assim como você.
Acredito que queira saber de J.J.Ele diz que lhe escreverá daqui a alguns dias, quando a posta se reestabilizar. Assim farei eu também.
Não vou lhe perguntar a respeito dos protestos, porque de certa forma não lhe retiro a razão. E na verdade acho que o que me incomoda neles é que eles não me tirarão daqui.

Sinceramente,


Um Homem que Vive com Lobos ( e dança).

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