Os passáros batem asas fugitivas, porque fogem da mesmice. Os passaros não suportam voar o mesmo ar duas vezes. E duas vezes em um mesmo lugar não cai um raio, porque o raio tem mais locais a iluminar. Porque o raio precisa tocar o solo em outros quilômetros. Ele também não suporta uma mesmice.
Uma andorinha não faz verão porque o verão não se faz por uma causa só. O verão precisa chegar para esquentar mais almas. E uma alma perdida não se achará sozinha, porque ela está perdida e precisa ser encontrada. O filho pródigo estava perdido e foi encontrado. Então porque não matam o melhor cordeiro e preparam uma ceia?
O lobo se apaixonou pelo cordeiro não porque os opostos se atraem, mas porque os iguais se distraem, e eles eram iguais no fim de tudo: um correndo e outro fugindo, mas na mesma direção. Assim se distrairam, e trombaram.
Mas os passáros voltam para a mesma árvore mesmo sem suportar o mesmo ar. O raio cai duas vezes no mesmo lugar mesmo tendo milhas e milhas escuras. Uma andorinha aparece no verão mesmo vivendo em bando, e o verão aparece ainda assim. Uma alma perdida continua perdida porque ninguém sacrificou o cordeiro. E o lobo e o cordeiro continuam se caçando.
O mundo continua girando mesmo com um eixo invisível. Os polos continuam separados mesmo que as linhas sejam imaginárias.
Os passarinhos continuam engaiolados mesmo possuindo asas.
Os humanos continuam insensíveis, mesmo sendo o sentimento a única coisa imposta pelo arquiteto.
Um comentário:
gostei muito deste texto. rs...
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