Sangue, pedaços e um cheiro acro de carne queimada; o cheiro do progresso; o cheiro da ordem; o cheiro da guerra; o cheiro da dominação; o cheiro do mundo.
Entre os corpos em putrefação correm baratas, ratos vermes e larvas que rastejam em busca de alimento, se alimentam da morte e da degradação, retratos indiretos da realidade de parasitose de que sobrevive o homo sapiens sapiens.
Os anos se passam, os séculos mudam, os milênios passam desapercebidos; a raça humana envelhece, mas não muda. Os primeiros instantes dessa sociedade primitiva a qual denominamos humanidade, foram o retrato dos magros milênios que essa espécie cadavéria, mal-cheirosa e violenta teria dali para frente.
Não há espaço na mente humana para o altruísmo, a solidariedade ou o amor, só a espaço para a guerra e ódio. Demoramos anos para amar alguém, e segundos para transformar todo esse amor em rancor; mas não um rancor superficial; sim uma vontade incontrolável e inominável de infligir dor e sofrimento ao próximo.
Não entramos em guerra por necessidade, por amor a pátria, para defender liberdades. Entramos porque gostamos, assim como nos deliciávamos com o banho de sangue nas arenas romanas, agora nos regozijamos com a violência extremada das ruas e vielas, com a inundação de sangue de todos os dias.
A raça humana é tão vil e mesquinha que a própria maldade não serve como um adjetivo deveras adequado. Achamos que lutamos pela vida, e é verdade, lutamos pela nossa vida.. e pelo sofrimento alheio.
A esperança em um futuro diferente, na mudança do planeta humano é mera ilusão, não podemos, e não queremos o fim da dor, somos como vírus, nos multiplicando e destruindo tudo o que está em nosso caminho.
Parece-me, portanto, que somos um erro, um erro da evolução, um erro divino, ou talvez – algo até mais sensato de se pensar – somos sombras de uma raça perfeita, somos os párias de um mundo real e justo, somos os assassinos e estupradores que foram condenados ao inferno.
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