Olá, diário... Hãn, não tenho muito a dizer... Aquele telefonema, que me interrompeu antes de ontem era de minha mãe. Ela apenas queria… avisar-me de coisas. Fui imediatamente para a casa dela, de avião, já que ela mora na Rússia.
Algumas horas e eu cheguei, finalmente. Lá estavam meus pais tão tristes, tão felizes (em me ver depois de tanto tempo). De lá, partimos diretamente ao hospital, com bagagem e tudo. Chegamos correndo, atrapalhando enfermeiros por todo o caminho; “Quarto 427, quarto 427, quarto 427”, eu pensava em meio a lágrimas.
Chegamos ao destino, freamos, mas… onde está? Não havia ninguém na cama, na verdade, não havia cama. Apostamos corrida até o balcão, onde disseram que ele estava em cirurgia. Deus, o que houve? Não podíamos fazer nada.
Enquanto esperava pelo final da cirurgia, meus pais contaram-me toda a história. Na manhã de hoje, meus pais receberam um telefonema no qual foram informados sobre o suicídio que meu vô, recentemente viúvo, cometera com um tiro boca acima.
Ele deixara uma carta, dizendo: “Eu sinto muito, minha família, mas eu não conseguirei viver sozinho em uma casa tão cheia de memórias, que são agora apagadas. Nunca me esquecerei de vocês, com amor, seu pai, seu avô, seu irmão, Anton Burkhard”.
A família toda está abalada, mas só nós estamos no hospital.
Passando-se duas horas de cirurgia os médicos saíram, avisando-nos que ele ainda estava vivo, mas em estado vegetativo permanente e que só dependia de nós desligarmos a máquina. Aparentemente o tiro não foi certeiro.
Já voltamos para a casa de meus pais, vou passar alguns dias aqui. Nossa, como queria ver, ou pelo menos conversar com o Pierrot. Meus pais não podem saber, ainda não. Vou dormir e descansar, foi um dia longo e triste. Adeus, diário.
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