Tudo começando de novo. Torturosamente doloroso. Agonia.
Preso, numa cela. Vermelho, vermelho, vermelho. Algo se mexe no canto, entre teias de aranha. Um som molhado emana do desconhecido, um misterioso som nunca escutado por esses jovens ouvidos.
Aquele som ressoa por todo esse mal iluminado e estranhamente vermelho-vivo alçapão abandonado. O que seria isso, me pergunto. Mexe-se novamente o duvidoso objeto (?). Um cheiro perfumado tão bom se evapora de sua superfície, memórias antigas se passam por minha mente, como se este fosse o cheiro do ar que sempre respirara. O que é isso, Senhor? Apavoro-me e afasto-me.
Batidas se repetem, como os tambores de Mória, TUM TUM. TUM TUM. Meu medo aumenta a cada batida, mas a cada batida esse indefinido ser parece diminuir. Vejo agora escapar-lhe um líquido também vermelho, agonizo-me. Quase enlouqueço-me. TUM TUM.
Senhor! O que é essa aberração à minha frente?! Qual a razão dessa vermelhidão empoeirada? TUM TUM. Chega! Chega dessa maluquice! Aproximei-me da criatura acolhida ao canto escuro. Estava ensopada, mas não continha pelos. Suja e rejeitada, não continha olhos nem boca.
Cada vez mais altas as batidas, meus olhos se aventuraram a se aproximar. Se mexera, Deus!, gritei, e chutei-o, na surpresa. Ouço menos. Tum T-. Tum T-. Um som falho. Mas que diabos é esta criatura, e o que ela faz nesta prisão em que me encontro?!
Ando em sua direção, cautelosamente. Meu corpo se aquece, minha mente sai de meu controle. Agarro-o com os braços, seguro-o como a um bebê. Balanço-o e acaricio-o. Reconheço instintivamente o que é aquele bicho há tanto tempo esquecido por mim!
Meu coração!
ACORDO EM SALTO. Foi tudo um sonho. Apenas… um sonho. Mas, a partir deste sonho, deste abrupto levantar, eu percebi que, depois de tantos anos de luta e convencimento de tudo ser passado, eu percebi que a amo. Que nunca deixei de amá-la, e que tal coisa é impossível. Sempre pensarei em você com mais amor do que devia, independente da distância (física ou temporal). Dependentemente e infelizmente, lembrarei de você, meu amor.
Um comentário:
Hobbit, seguindo seus posts vi que gosta muito de falar de amor (provavelmente por algum motivo bem claro). Posso lhe propor um desafio? Fale sobre o oposto do amor, a indiferença.
Bom, quanto ao seu texto: achei surpreendente a forma como personificou o coração. Uma ótima descrição. Muito bom mesmo. Parabéns.
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