“E lá vai o Hobbit se aventurar de novo”, eles diriam. E disseram. Lá vou eu de novo me aventurar, no fundo e vermelho lago do amor. Prendo a respiração e pulo da arca, naquela lava gelada, feita vermelha pelas lágrimas de sangue dos que não tem a coragem de pular, dos pulsos cortados, das angústias vomitadas e nunca esquecidas.
Acho que Camões estava certo, amor é, realmente, fogo que arde sem se ver. Pois aqui estou eu neste gélido Mar Vermelho ao qual congelaria, mas não! Sinto um calor, um calor que provém de meu coração, e me protege. Acho que é esta a prova, aquele que da arca pular antes de realmente amar, se congela. Não congelei, isso é um bom sinal.
Apenas nado e nado, sempre em frente com pausas para respirar. Quando me canso, quando já não quero mais, paro e penso: “Continue a nadar, continue a nadar” e lá vou eu novamente procurar meu amor, minha vida. Passo séculos nadando ou, pelo menos, o que me pareceu séculos. Não encontrei nada além de medo de não encontrar nada.
Vejo ao fundo, em uma fenda escura dentro de toda aquela vermelhidão, uma luz dourada e apresso-me em sua direção. O que será isto? O nervosismo me corrói, parece que quanto mais nado, mais demoro a chegar. Passo pelas fendas, pelos obstáculos tão maldosos e grudentos, mas chego. Óh! Vejam só! És o que eu procurava, és o que eu sempre quis, és mais ainda que isso. Óh, venha, junte-se a mim, já estamos a muito tempo sozinhos. Lágrimas invisíveis naquele mar, entre um abraço, entre vários abraços, entre mãos entrelaçadas, beijos apaixonantes.
Penso nos obstáculos, no passado, nos traumas, em tudo que me segurava e olho bem para eles e digo: “Bobeira!” – Até acho que passei por pouco para receber tudo isso como recompensa, toda essa paixão, essa apreciação... Por mim? Ha, parece até piada da vida. Mas não é, este é o agora, é o finalmente, é o que esperávamos, é o que sempre senti falta e o que nunca tive. Este sou eu, O Hobbit, acompanhado, amado, apreciado, feliz.
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